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DERRAME PERICÁRDICO ASSOCIADO À HEMODIÁLISE – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO
Doenças Renais - E-Poster
Congresso ID: P813 - Resumo ID: 259
Centro Hospitalar São João
Arsénio Barbosa, Claudemira Pinto, Inês Marques, Beatriz Carmo, Filipa Silva, Jorge Almeida
Introdução: O derrame pericárdico é um achado comum em doentes com doença renal crónica terminal. Para além das etiologias encontradas na população geral, duas entidades são exclusivas destes doentes: derrame pericárdico urémico e derrame pericárdico associado à diálise. Uma e outra distinguem-se pela altura em que ocorrem após o início de diálise: derrame pericárdio urémico até 8 semanas após o início de diálise e derrame pericárdico associado à diálise 8 semanas após o início.

Caso clínico: Apresenta-se o caso clínico de um homem de 65 anos, com história relevante de doença renal crónica terminal em programa regular de hemodiálise (HD), que iniciou 6 meses antes, secundária a nefropatia diabética. Referenciado da clínica de HD por hipotensão sintomática, com necessidade de interromper ultrafiltração. À admissão, apresentava perfil tensional de 90/50 mmHg, sons cardíacos rítmicos, mas ensurdecidos, sem sopros ou atrito pericárdico, sem pressão venosa jugular. O electrocardiograma revelou ritmo sinusal, sem critérios de baixa voltagem e a radiografia de tórax mostrou índice cardiotorácico muito aumentado com alargamento do mediastino. Pela suspeita de derrame pericárdico, realizou ecocardiograma transtorácico que revelou derrame pericárdico de grande volume, circunferencial, sobre as cavidades direitas, com boa função sistólica biventricular. Foi internado para estudo etiológico do derrame pericárdico. Durante o internamento, foram realizadas 5 sessões diárias de HD, com boa tolerância e resolução dos sinais de hipervolémia. Repetiu ecocardiograma transtorácico que mostrou derrame de moderado volume. Dada a melhoria da dimensão do derrame, não foi realizada pericardiocentese. Do estudo etiológico, apresentou marcadores víricos negativos para HIV e HCV, imune para HBV, electroforese de proteínas sem pico monoclonal, sem consumo de complemento e estudo imunológico negativo. Para exclusão de causa paraneoplásica, relizou TAC-cervico-toraco-abdomino-pélvico que não evidenciou processo neoplásico.
Foi assumido derrame pericárdico associado a hemodiálise e o doente teve alta dada estabilidade clínica, orientado para o Centro de Diálise.

Discussão: O derrame pericárdico associado à diálise trata-se de um diagnóstico de exclusão, mas frequente nos doentes com doença renal crónica terminal. Este caso pretende demonstrar a abordagem de derrame pericárdico com exclusão de causas frequentes como infeção ou neoplasia, até chegar ao diagnóstico final. Como descrito na literatura, o tratamento passa pela intensificação diálise levando a diminuição ou resolução da quantidade de líquido pericárdico, o que se verificou neste doente e corroborando o diagnóstico.