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ABCESSO RENAL POR PSEUDOMONAS AERUGINOSA: UM DIAGNÓSTICO DIFÍCIL
Doenças infeciosas e parasitárias - E-Poster
Congresso ID: P539 - Resumo ID: 266
Centro Hospitalar São João
Arsénio Barbosa, Miguel Relvas, Sara Araújo, António Vieira-Lopes, Jorge Almeida
Introdução: O abcesso renal caracteriza-se pela presença de febre, atingimento do estado geral e dor lombar/abdominal. É de difícil diagnóstico, sobretudo se não colocado como hipótese. O tratamento passa por antibioterapia, drenagem percutânea ou, em último caso, nefrectomia.

Caso clínico: Apresenta-se o caso clínico de um homem de 38 anos, institucionalizado, com história relevante de epilepsia mioclónica progressiva seguido em consulta de Neurologia, condicionando dependência nas atividades de vida diária e vida de relação razoável com o meio exterior. Recorreu ao serviço de urgência por quadro de prostração progressiva com um mês de evolução e dor abdominal difusa, que se associou a febre diária (T 38ºC) durante a semana anterior à admissão, já observado em ambulatório e medicado com cefixima na presunção de infeção urinária. À admissão, encontrava-se pouco reativo, hemodinamicamente estável, temperatura auricular de 38,8ºC e dor abdominal. Analiticamente com subida dos parâmetros inflamatórios (leucocitose e proteína c reativa (PCR) 200 mg/L), sedimento urinário sem leucócitoria e nitritos negativos. Pela suspeita de infeção do sistema nervoso central, realizada punção lombar com saída de líquido água de rocha, com 1 célula, não sugestivo de infeção. Para exclusão de foco abdominal, foi efetuado angio-TC abdominal que mostrou discreto espessamento do sistema excretor do rim direito, sem hidronefrose ou outras alterações. Foi colhido rastreio microbiológico, iniciou antibioterapia empírica com piperacilina-tazobactam e foi internado no Serviço de Medicina Interna com o diagnóstico de pielonefrite aguda.
No internamento, manteve antibioterapia com piperacilina-tazobactam durante 7 dias com descida parcial dos parâmetros inflamatórios, mantendo picos febris (T 38-5-39ºC) diários. O rastreio microbiológico colhido inicialmente foi negativo. Pela suspeita de pielonefrite complicada, foi realizado novo TAC-abdominal que mostrou sinais compatíveis com pielonefrite a direita com ectasia de 16 mm. Dada não resposta ao antibiótico prévio e internamento com mais de uma semana, alterou-se antibioterapia para meropenem e vancomicina, entretanto novamente alterada para piperacilina-tazobactam com o conhecimento de isolamento de Pseudomonas aeruginosa multissensível em hemoculturas e urocultura. Por nova evolução desfavorável sob antibioterapia eficaz, foi pedido novo TAC-abdominal para exclusão de complicação que mostrou múltiplos abcessos renais a direita. O doente foi proposto para nefrectomia que decorreu sem intercorrências.

Discussão: Este caso pretende demonstrar a dificuldade no diagnóstico de um abcesso renal, com necessidade de rápida intervenção cirúrgica quando evolução desfavorável sob antibioterapia eficaz.