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GELATINA NO PERITONEU?
Doenças digestivas e pancreáticas - E-Poster
Congresso ID: P231 - Resumo ID: 268
CENTRO HOSPITALAR DE LEIRIA
Carla Falcão, Rita Grácio, Pedro Neves Tavares, Catarina Duarte Santos, Diana Fernandes, Alcina Ponte
INTRODUÇÃO: O pseudomixoma peritoneal é uma entidade clínica pouco comum, com uma incidência estimada 1-2 casos por milhão por ano. Carateriza-se pela formação de coleções gelatinosas intra-abdominais difusas com implantes mucinosos na cavidade peritoneal e omento. É considerado geralmente uma neoplasia benigna, diagnosticada acidentalmente em laparotomias exploradoras, mas assume-se como “ borderline” pelo potencial de proliferação e evolução indolente para malignidade, desenvolvendo-se distensão abdominal maciça e condicionando um prognóstico reservado. Na literatura, a maior parte dos casos são descritos com origem em neoplasias do apêndice, porém qualquer neoplasia mucinosa gastrointestinal pode se apresentar da mesma forma e foram relatados casos associados a neoplasias do ovário, colorretal, estômago, pâncreas, vesícula biliar, bexiga, pulmão e mama.
CASO CLÍNICO: Homem, 61 anos, antecedentes de diabetes mellitus tipo 2, hipertrofia benigna da próstata e gastrite crónica, recorreu ao SU por aumento progressivo do perímetro abdominal e perda ponderal de 5 kg com 6 meses de evolução. Objetivamente, apresentava escleróticas anictéricas, abdómen distendido, dor ligeira difusa à palpação, predomínio de macicez à percussão, sem estigmas de hepatopatia alcoólica ou edemas periféricos. Foi internado no serviço de Medicina para estudo. Realizou Angio-TC abdominopélvica: “(..) dismorfia hepática, com hipertrofia do lobo caudado e esquerdo, sem lesões focais. O contorno hepático apresenta-se irregular com entalhes, o mesmo acontecendo em relação ao baço, em relação provável com o derrame peritoneal abundante existente, que apresenta sinais de organização e folhetos espessados. (...) Espessamento do grande omentum. Sem adenomegalias lomboaórticas ou pélvicas”, sem alterações descritas a nível das vias biliares, pâncreas ou parênquima esplénico. A análise anatomopatológica da biópsia do omento descrevia: “abundante muco, algum material hemático e fibrinóide, alguns polimorfonucleares, células isoladas, tipo macrofágico, e células mesoteliais de caraterísticas reativas. Retalhos soltos de epitélio mucoso, constituído por camada celular única e sem evidente atipia nuclear, por vezes, ligeira hipercromaticidade e pseudoestratificação nucleares, sem perda da polaridade nuclear, nem mitoses. Os aspetos descritos são compatíveis com pseudomixoma peritoneal”. Não foram encontradas lesões na endoscopia e colonoscopia. O doente foi orientado para uma equipa de cirurgia diferenciada em tumores peritoneais e submetido a cirurgia de remoção tumoral com melhoria clínica.
DISCUSSÃO: pretende-se, com este caso, não só dar a conhecer esta entidade pouco comum, mas também alertar para o fato de, apesar de ser considerada uma patologia aparentemente benigna, diagnosticada mais frequentemente como um achado incidental, apresenta um risco considerável de malignidade, recomendando-se uma vigilância apertada nos casos diagnosticados numa fase mais precoce.