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UMA APRESENTAÇÃO ATÍPICA DA VASCULITE DE GRANDES VASOS
Doenças autoimunes, reumatológicas e vasculites - E-Poster
Congresso ID: P038 - Resumo ID: 275
Hospital Garcia de Orta
Mafalda Sá Pereira, Sara Vilela, Susana Henriques, Conceição Escarigo, Pedro Correia Azevedo
Introdução: As vasculites são patologias imunomediadas, com grande variabilidade fenotípica, e com diagnóstico diferencial vasto e desafiante.
Descrição: Os autores apresentam o caso de uma mulher de 59 anos, com história conhecida de hipertensão arterial, quistos hepáticos e psoríase palmo-plantar com 8 anos de evolução, que se apresentou no Serviço de Urgência (SU) com quadro de febre, suores nocturnos e mal estar generalizado com 3 semanas de evolução. Negava qualquer outra sintomatologia focalizadora. A doente teria já recorrido previamente aos cuidados de saúde primários pelo mesmo quadro, apresentando aumento dos parâmetros inflamatórios, tendo cumprido um ciclo de amoxicilina/clavulanato e claritromicina, sem melhoria do quadro. Objectivamente sem qualquer alteração de relevo: apresentava-se hemodinâmicamente estável, febil (TT 38,9ºC), sem alterações cutâneas ou na auscultação cardio-pulmonar, pulsos palpáveis e simétricos, palpação abdominal sem alterações, e negava dor à palpação das diferentes articulações. Deste modo, ficou internada para esclarecimento diagnóstico. Analiticamente destaca-se anemia normocítica normocrómica, proteína C-reativa aumentada (13.34 mg/dL), VS 120mm; hemoculturas, serologias e estudo da auto-imunidade (incluindo ANCA) negativas; realizou adicionalmente mielograma que não mostrou alterações. Do estudo imagiológico destaca-se ecocardiograma transtorácico que mostrou apenas uma fina lâmina de derrame pericárdico; a tomografia computorizada toraco-abdomino-pélvica mostrou quistos hepáticos simples, sem outras alterações de relevo.
No decorrer do internamento a doente apresentou perfil tendencialmente hipotensivo, apesar da suspensão dos anti-hipertensores habituais, agravamento da anemia, mantendo febre persistente concomitante. Neste contexto realizou tomografia por emissão de pósitrons (PET) que mostrou sinais de vasculite de grandes vasos (envolvimento das artérias carótidas, aorta abdominal, ilíacas, femorais e porção proximal das tibiais posteriores). Realizou adicionalmente Eco-Doppler das artérias temporais, que não mostrou alterações de relevo. Foi iniciada prednisolona 1mg/kg/dia, com resolução da febre, melhoria do estado geral e normalização do perfil tensional. Foi admitida vasculite de grandes vasos, com apresentação atípica. Actualmente a doente apresenta remissão completa do quadro, mantendo seguimento em consulta.
Discussão: Este caso mostra uma apresentação atípica de uma vasculite de grandes vasos, com envolvimento dos vasos supra e infra-aorticos, e reforça a importância de uma investigação completa nos quadros de síndrome febril indeterminado.