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O PAPEL DA MEDICINA INTERNA NA GRAVIDEZ
Urgência / Cuidados Intermédios e Doente Crítico - E-Poster
Congresso ID: P860 - Resumo ID: 279
Centro Hospitalar São João
Inês Ferreira, Ana Monteiro, Tatiana Vieira, Vanessa Chaves, José Pereira
INTRODUÇÃO
O síndrome de HELLP é uma complicação grave da gravidez, caracterizando-se por hemólise, enzimas hepáticas elevadas e trombocitopenia. É considerado parcial se não forem cumpridas todas as premissas atrás referidas. Representa provavelmente uma forma severa de pré-eclâmpsia e desenvolve-se tipicamente entre as 28 e as 36 semanas de gestação.

CASO CLÍNICO
Apresenta-se o caso de uma mulher de 32 anos, primigesta de 36 semanas e 6 dias, com diabetes gestacional controlada com dieta e suspeita de restrição do crescimento fetal na última ecografia.
Recorreu ao serviço de urgência por dor intercostal direita, de início súbito. Ao exame objetivo encontrava-se hipertensa (180/85 mmHg), auscultação cardiopulmonar sem alterações, sem dor à palpação dos espaços intercostais. Combur com proteinúria e vestígios de sangue. Analiticamente apresentava Hb 12.9 g/dL, trombocitopenia 49000, citólise hepática (AST 138 U/L e ALT 251 U/L), DHL 422 U/L, sem hiperbilirrubinemia nem disfunção renal. Haptoglobina normal. Esfregaço de sangue periférico com esquizócitos. Proteinúria 0.52g/L. Estudo da coagulação normal. Realizou ecografia abdominal que excluiu hematoma subcapsular hepático.
Doente internada por Síndrome de HELLP parcial. Submetida a cesariana emergente, com transfusão de 1 pool de plaquetas, que decorreu sem intercorrências.
Internada na Unidade de Cuidados Intensivos no pós-operatório. Cumpriu profilaxia de convulsões com sulfato de magnésio nas primeiras 48 horas. Necessidade inicial de bólus de labetalol para controlo tensional, mas ao fim das primeiras 12 horas com bom controlo tensional. Verificou-se agravamento inicial da trombocitopenia (valor mínimo das plaquetas 35000), mas recuperação das contagens >100.000 ao terceiro dia pós-cesariana. Descida progressiva dos marcadores de citólise hepática. Manteve bom débito urinário e função renal normal. Por incompatibilidade Rh materno-fetal, fez isoimunização com imunoglobulina anti-D. Teve alta ao 7º dia após o parto.

DISCUSSÃO
O papel do internista torna-se preponderante na vigilância das grávidas/puérperas com síndrome de HELLP. Apesar de o outcome para a mãe ser geralmente bom, complicações graves são relativamente comuns e os doentes devem manter vigilância apertada. É expectável que ocorra agravamento analítico nas primeiras 24 a 48 horas após o parto, mas a partir do 4º dia verifica-se uma melhoria progressiva da contagem plaquetas e diminuição das transaminases e DHL.
O prognóstico pré-natal, por sua vez, relaciona-se com a idade gestacional e peso à data de nascimento e não com a morbilidade materna. O único tratamento curativo é o parto.