(1) Oncologia Médica, IPO do Porto; (2) Oncologia Médica, Hospital Pedro Hispano; (3) Medicina Interna, Hospital Pedro Hispano
Marta Pina (1), Denise Magalhães (2), Raquel Santos (3), J. Vasco Barreto (3), António Furtado (3)
Introdução:
O Linfoma Folicular (LF) é o segundo linfoma mais comummente diagnosticado nos EUA e na Europa ocidental, correspondendo a 20-35% de todos os Linfomas Não-Hodking, representando 70% de todos os linfomas indolentes. A sua apresentação típica caracteriza-se por linfadenopatias assintomáticas, estando os denominados sintomas B (perda de peso, suores noturnos e febre) presentes em menos de 20% dos casos. Este tipo de neoplasia é mais comum no sexo feminino e a idade média ao diagnóstico é entre os 60 e os 65 anos.
Caso clínico:
Sexo feminino, 48 anos, fumadora de 30unidades/maço/ano e com infeção HPV de alto risco.
Recorre ao serviço de urgência por dor em moedeira no flanco e região dorso-lombar esquerda, distensão abdominal e presença de “tumefação” palpável no flanco esquerdo com agravamento ao longo das últimas 2 semanas. Noção de algum desconforto no flanco esquerdo com cerca de 1 ano de evolução. Nega síndrome constitucional, sintomas B ou outras queixas. Ao exame objetivo a doente apresentava bom estado geral, à palpação abdominal encontrava-se massa de consistência pétrea com cerca de 10x15cm ao longo de todo o flanco esquerdo, ligeiramente dolorosa, sem sinais de irritação peritoneal. Sem adenomegalias periféricas palpáveis. Analiticamente com discreta anemia normocítica normocrómica (11.3g/dL), lactato desidrogenase 375 U/L, proteína C reativa 11.2mg/L, Beta-2-microglobulina 2.89 mg/L, velocidade de sedimentação 24mm/1ªh. Tomografia computorizada a documentar duas massas adenopáticas mesentéricas muito volumosas (100x43x110 mm e 175x85x44 mm) e axilares à esquerda (a maior com 14 mm).
Realizou tomografia de emissão de positrões que mostrou envolvimento ganglionar supra-diafragmático (cervical, supraclavicular e axilar), infradiafragmático (lombo-aórtico bilateralmente e inter-cavo-aórtica) e esplénico.
Imunofenotipagem de sangue periférico e biópsia da massa abdominal confirmam a presença de um linfoma não-Hodgkin de células B compatível com linfoma de células do centro folicular. Mediante este diagnóstico iniciou esquema de quimioterapia com RCHOP (rituximab, ciclofosfamida, doxorubicina, vincristina e prednisolona) sem intercorrências até ao momento.
Conclusão:
O presente caso clínico permite expor a apresentação incomum de um LF numa mulher com idade jovem, que se apresenta como uma massa abdominal volumosa palpável, sem sintomas B, mas com estudo de estadiamento a evidenciar envolvimento ganglionar supra e infradiafragmático e esplénico.