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CAPILAROSCOPIA, UMA PORTA DE ENTRADA PARA O DIAGNÓSTICO E PROGNÓSTICO
Doenças autoimunes, reumatológicas e vasculites - Poster com Apresentação
Congresso ID: PO001 - Resumo ID: 291
Hospital Espírito Santo - Évora
Rita Ribeirinho, Margarida Jacinto
Introdução: A capilaroscopia (Cp) é um exame fácil, barato e não invasivo que permite a visualização da rede capilar, da sua organização e alterações de estrutura. Tem sido vista como meio complementar que apoia o diagnóstico de doença auto-imune. Será que é possível não só reavaliar a resposta à terapêutica mas também compreender o prognóstico com base nas complicações sistémicas graves, limitativas para a vida do doente.
Objetivo: Análise estatística de consultas de reavaliação de Cp ao longo de 5 anos.
Material e Métodos: Estudo observacional e retrospectivo da consulta de Cp, no hospital central, de 2014 a 2019. A análise das consultas de Cp e de doenças auto-imunes foi feita com base no registo do sistema informático alert.
Resultados: Entre 2014 e 2019 foram realizadas 166 consultas de Cp, sendo que 20% foram reavaliações. Dos doentes submetidos a reavaliação, na primeira consulta 47% tinham diagnóstico de doença auto-imune estabelecido e na consulta de reavaliação 59% dos doentes tinham diagnóstico.
Verificou-se que a complicação sistémica mais frequente nestes doentes foi o atingimento pulmonar. 44% foram submetidos a provas de função respiratória e/ou TAC-Torácica de alta resolução após a realização da Cp, porém apenas 33% foi comprovada a doença intersticial pulmonar, com evidência de fibrose pulmonar.
Observou-se que 40% tinha diagnóstico de esclerose sistémica (ES), 20% de LES, 20% de doença intersticial pulmonar auto-imunidade e 20% com diagnóstico não esclarecido. Todos os doentes tinham Fenómeno de Raynaud secundário, 60% sem padrão esclerodérmico-like e os restantes com padrão esclerodérmico-like em fase precoce 40%.
Do perfil analítico de auto-anticorpos detectados destacam-se: os auto-anticorpos antinucleares (ANA) positivos em 47% dos doentes, os Anticorpos anti-centrómero em 26% dos doentes e o consumo de complemento 3 (C3) em 12% doentes.
Relacionando com o tipo de padrão de microangiopatia, verificou-se que em doentes com FR secundário os ANA são os anticorpos mais encontrados 55%, seguindo-se de anticorpo anti-centrómero 20% e 20% com diminuição de C3. Em doentes com padrão esclerodérmico-like os ANA e os anticorpos anti-centrómero apresentam igual proporção (38%). Em relação aos doentes com atingimento pulmonar, os ANA são dos anticorpos mais frequentes.
Discussão/Conclusões: Na nossa óptica este exame foi uma mais-valia no que toca a meios de diagnóstico de doenças auto-imunes, permitindo realizar o diagnóstico a doentes sem patologia definida, que têm auto-imunidade mas não apresentam características típicas de doença, sejam elas clínicas ou laboratoriais. Esta análise insinua também que possa existir uma tendência no que toca ao perfil laboratorial de anticorpos, com a actividade da doença e consequentemente com as complicações sistémicas que possam vir a existir. Estes dados no futuro podem ajudar a definir o prognóstico e a poder adequar o tratamento desses mesmos doente com fim a evitá-lo.