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SÍNDROME DE STEVENS-JOHNSON ASSOCIADA A INFEÇÃO POR MYCOPLASMA PNEUMONIAE
Doenças infeciosas e parasitárias - E-Poster
Congresso ID: P541 - Resumo ID: 300
Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro
Sheila Jamal, Patrícia Liu, Sónia Carvalho, Paula Marques
INTRODUÇÃO A Síndrome de Stevens-Johnson (SSJ) é uma rara e grave reação de hipersensibilidade de mediação imunológica, com atingimento comum das mucosas oral, nasal, ocular, genital, gastrointestinal e do trato respiratório inferior. Os fármacos constituem a etiologia mais frequente, particularmente antibióticos e anticonvulsivantes, seguidos de infeção por Mycoplasma pneumoniae. Apresenta-se tipicamente com pródromos (febre e mal-estar) e aparecimento das lesões mucocutâneas após poucos dias. O diagnóstico é clínico e com confirmação histológica por biópsia da pele. A abordagem consiste na resolução do fator desencadeante, tratamento de suporte e prevenção de complicações (sequelas cutâneas, oculares ou pulmonares).
CASO CLÍNICO Sexo masculino de 24 anos, sem antecedentes ou alergias conhecidas, recorre ao Serviço de Urgência (SU) por mialgias e febre (máximo de 39.5ºC) com início há uma semana e odinofagia com 3 dias de evolução, tendo sido medicado com Amoxicilina/Ácido Clavulânico (AM/AC). Regressa ao SU no dia seguinte por persistência da febre e aparecimento de lesão bolhosa hemorrágica na orofaringe. Objetivamente mucosa da orofaringe com lesões vesiculares/bolhosas, sem alterações analíticas ou imagiológicas de relevo, ficando internado para estudo. Inicialmente progressão das lesões, com mucosite oro-labial e placas crosto-hemorrágicas nos lábios, conjuntivite membranosa, vesiculo-pústulas na região genital e placas eritemato-vesiculosas no dorso e membros, com resposta favorável a corticoterapia sistémica e tratamento de suporte. Realizada biópsia cutânea que revelou alterações compatíveis com SSJ, assumida em contexto de AM/AC. Por manutenção de febre e sinais clínicos e imagiológicos compatíveis com consolidação de novo no lobo inferior esquerdo, ao 5º dia inicia antibioterapia empírica com Piperacilina/Tazobactam, com evolução clínica e analítica favoráveis. Resolução completa do quadro em 3 semanas, com alta encaminhado para consultas de Medicina Interna e Imunoalergologia. Do estudo realizado foram excluídas autoimunidade, imunodeficiência e infeções víricas e fúngicas, sendo de destacar positividade de IgG e IgM para M. pneumoniae e testes cutâneos negativos para AM/AC na leitura imediata e tardia.
DISCUSSÃO Embora a SSJ associada a M. pneumoniae seja mais frequente em crianças ou adultos jovens, a suspeita inicial neste caso foi a etiologia medicamentosa pela história de introdução recente de fármaco. Além disso, a evidência clínica e radiológica de pneumonia é menos comum quando associada a M. pneumoniae. É também de realçar que, face ao quadro inicial e antes do envolvimento cutâneo, normalmente iniciam-se antibióticos precocemente, o que pode constituir um importante fator confundidor na determinação etiológica. Além da colheita de história clínica detalhada e do diagnóstico histológico, devem ser investigadas todas as possíveis causas, uma vez que podem existir apresentações atípicas em adultos, como foi exemplo este caso.