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FIBRINÓLISE INTRAPLEURAL EM HEMOTÓRAX RETIDO
Doenças cardiovasculares - Caso Clínico
Congresso ID: CC024 - Resumo ID: 306
ULSAM - Hospital Conde de Bertiandos
Tiago M Mendes, Liliana Costa
Introdução: A fibrinólise intrapleural permite a drenagem de coleções loculadas como empiemas ou derrames parapneumónicos e hemotórax coagulados. Com esta apresentação pretende-se dar a conhecer um caso de fibrinólise intrapleural com recurso a alteplase num doente com hemotórax coagulado iatrogénico e realçar a importância do estudo etiológico de quilotórax.
Caso Clínico: Homem de 62 anos com antecedentes de Hipertensão arterial, tabagismo, consumo excessivo de álcool (270gramas/dia até 4 anos antes), Fibrilhação auricular paroxística hipocoagulada com apixabano, doença respiratória crónica com enfisema pulmonar e insuficiência cardíaca com fração de ejeção ventricular esquerda reduzida reduzida de etiologia não esclarecida definitivamente. Foi enviado a Consulta Externa de Medicina Interna para estudo de derrame pleural refratário. Refere dispneia para pequenos esforços e desconforto retroesternal ocasional sem relação com atividade física. Na consulta apresentava-se com tendência hipotensiva (96/56mmHg), normocárdico, arrítmico, na auscultação pumonar com mv diminuído em todo o hemitórax direito, sem ruídos adventícios, sem edema dos membros inferiores. Em radiografia torácica apresentava derrame pleural à direita a ocupar todo o hemitórax. Foi realizada toracocentese de líquido branco e espesso caracterizado bioquimicamente como quilotorax e mantida drenagem passiva com pleurocan (drenagem total de 2800mL). Ficou internado para estudo e nos primeiros dias de internamento com evolução clínica e radiologica favorável tendo removido o dreno às 48h sem intercorrencias. Posteriormente com instabilizacao por hipotensão, queda do hematocrito e novo derrame pleural de grande volume à direita que foi novamente drenado com carácter urgente, tendo sido constatada desta vez um volumoso hemotorax. Passados dois dias mantinha hipotransparência no 1/3 exterior do hemitórax direito. Em TC torácico observado derrame com características de sangue coagulado cuja drenagem foi impossível com dreno pig-tail. Após discussão com Pneumologia e Radiologia foi realizada fibrinólise intrapleural com alteplase. Foram drenados 1700mL de conteúdo hemático com melhoria clínica e radiológica. Durante o internamento foi optimizada a medicação modificadora de prognóstico de insuficiência cardíaca com melhoria sintomática significativa. Após alta realizaou PET-scan que evidenciou hipercaptação no seio piriforme e em adenopatia latero-cervical. Após observação por Otorrinolaringologia confirmou-se presença de lesão neoformativa vegetante nesta localização.
Conclusão: Com este caso pretende-se dar a conhecer um caso de sucesso de drenagem de hemotórax por fibrinólise intrapleural. A etiologia neoplásica é a principal causa de quilotórax não-traumático e a sua presença deve levantar a suspeita deste tipo de doenças e o respetivo estudo etiológico mesmo na presença de uma possível etiologia, como a insuficiencia cardíaca, neste caso.