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METASTIZAÇÃO ÓSSEA COMO PRIMEIRA MANIFESTAÇÃO DE CHC - CASE REPORT
Doenças oncológicas - Caso Clínico
Congresso ID: CC077 - Resumo ID: 307
Centro Hospitalar Lisboa Central - Hospital Curry Cabral
Mário Ferraz, Paulo Iacomini, Mariana Popovici, Jorge Fernandes, Matilde Fraga, Claudina Cruz, André Goulart, Rui Barata, Vera Bernardino, Claudia Mihon, Ana Catarina Rodrigues, Eunice Patarata, Catarina Pereira, António Panarra
Introdução
A incidência do carcinoma hepatocelular tem aumentado (1-2% de todos os diagnósticos de neoplasia,maior na Ásia e na África dada a elevada prevalência de vírus hepatotrópicos), sendo considerada a 3ª causa mais comum de mortalidade associada a neoplasia. Apesar de frequentemente associada a cirrose hepática, pode surgir na ausência de um factor de risco definido em até 5% dos casos.
Apenas 5 a 15% dos doentes se apresentam com metastização na altura do diagnóstico, sendo os locais mais comuns o pulmão (45%), nódulos linfáticos e o osso (13-16%). Este local de metastização tem prognóstico reservado com sobrevida mediana de 1 a 2 meses.
A metastização óssea como manifestação inaugural de CHC é rara, existindo escassos casos clínicos descritos na literatura, com 1 artigo de revisão mencionando uma incidência de 0,9%.
Este caso clínico destaca-se pela apresentação rara de uma neoplasia comum, demonstrando a pertinência de uma investigação etiológica extensa, excedendo uma abordagem inicial focada no comum.

Caso clínico
Doente de 74 anos, género masculino, leucodérmico, com história de diabetes mellitus tipo 2 medicado e controlado em ambulatório. Apresenta-se no serviço de urgência por tumefacção da clavícula direita com 1 mês de evolução associado a febre vespertina. Analiticamente com elevação dos parâmetros inflamatórios, realizou tomografia computorizada toraco-abdomino-pélvica a revelar massa clavicular direita de 6cm de maior diâmetro, com destruição acromio-clavicular e lesões sugestivas de metastização hepática. É internado para esclarecimento diagnóstico.
Durante o internamento realizou ressonância magnética: lesão neoformativa acromioclavicular direita de características invasivas com destruição óssea adjacente; Ecografia da tiroide sem alterações; Cintigrafia óssea não conclusiva; Avaliação analítica apenas com elevação da beta-2-microglobulina; Exames endoscópicos sem alterações; Microbiópsia ecoguiada clavicular direita a revelar metastização de carcinoma hepatocelular CAM5.2 +, Hepar 1 +. Discutido em reunião multidisciplinar, sem indicação para terapêutica curativa, sendo proposto para apoio por Medicina Paliativa. Após alta não apresentou status funcional para quimioterapia, vindo a falecer 35 dias após diagnóstico histológico

Discussão
A metastização óssea do carcinoma hepatocelular não só é rara, como também agressiva, não existindo uma abordagem bem definida. De salientar apresentarem-se apenas 24 casos descritos na literatura até Outubro de 2017, sendo que nenhum reportou localização clavicular da metastização. A quimioterapia com sorafenib parece melhorar a sobrevida média, mas requer status funcional adequado para tal. Este caso clínico, embora infrequente, demonstra a necessidade de uma marcha diagnóstica metodológica e cuidada para uma correcta orientação terapêutica, salientando a importância de uma abordagem multidisciplinar para tal, sempre com foco e apoio na Medicina Interna