Rodolfo Viríssimo Gomes, Rita Gameiro, Inês Mendes, Pedro Simões, Joana Marques, Sílvia Balhana, Ana Grilo, Maria João Baptista, José Lomelino Araújo
INTRODUÇÃO
A qualidade clínica do internamento de um Serviço de Medicina Interna é avaliada usando indicadores testados e reconhecidos internacionalmente, sendo a mortalidade um dos parâmetros mais relevantes.
OBJECTIVOS
Análise da mortalidade de um Serviço de Medicina Interna.
MATERIAL E MÉTODOS
Análise retrospectiva dos óbitos de um Serviço de Medicina Interna durante 1 ano – 521 casos.
RESULTADOS
Não houve diferença significativa no sexo, sendo que 70% dos doentes tinha entre 71 e 90 anos. Em cerca de 69% dos casos, o óbito decorreu nos primeiros 10 dias de internamento. Apesar de 66% ainda viver no domicílio, mais de metade era totalmente dependente e 90% tinha um índice de comorbilidades de Charlson elevado (>4). A dispneia foi o principal motivo de admissão (24%), sendo as infecções respiratórias (33%) e as neoplasias em progressão (15%) os principais diagnósticos que motivaram esse mesmo internamento e, consequentemente, a causa do óbito na esmagadora maioria dos casos. Foram registadas intercorrências em um terço dos doentes, sendo >80% das quais do foro infeccioso. Houve evidência de limitação terapêutica explícita em 74% dos casos, inclusive com decisão de não reanimação em 70%. Do total, 35% dos doentes tinha patologia oncológica activa, 18% dos quais com diagnóstico inaugural nesse internamento. A diferença entre os dois grupos de doentes (oncológicos vs não oncológicos) verificou-se sobretudo ao nível do acompanhamento prévio em consulta de Medicina Paliativa (16% vs 0,6%), aplicação de atitudes paliativas (84% vs 56%), referenciação para a Equipa Intra-Hospitalar de Suporte e Cuidados Paliativos (48% vs 2%) e indicação para medidas de conforto estritas (98% vs 60%). Tendo em conta o total de internamentos nesse mesmo períodos, os 521 doentes corresponderam a uma taxa de mortalidade de 9,7%, com um pico em Janeiro e Outubro e uma contagem menor em Fevereiro e Agosto.
CONCLUSÕES
Tal como esperado, houve maior mortalidade nos doentes mais idosos, mais dependentes e com mais comorbilidades. A patologia infecciosa e as neoplasias foram os principais motivos de óbito, sendo que a curta duração dos internamentos faz pressupor a gravidade e baixo potencial de reversibilidade desde a admissão. Observou-se diferença na gestão dos doentes oncológicos, com maior sensibilidade nestes para a optimização de medidas de conforto e limitação de procedimentos fúteis.