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PIOMIOSITE PURULENTA – TEMPO É MÚSCULO.
Doenças infeciosas e parasitárias - E-Poster
Congresso ID: P478 - Resumo ID: 313
Centro Hospitalar Univeristário do Porto
Rita Rego, Ana Sofia Mendes, Isabel Fonseca Silva, Sara Vieira Silva, João Araújo Correia
Introdução: A piomiosite purulenta é geralmente causada por Staphylococcus aureus e pode afetar qualquer grupo muscular. A infeção ocorre através da disseminação hemática do agente ou lesão muscular e frequentemente se associa a formação de abcesso.
A sua incidência é maior em regiões tropicais como América Latina e África, nos países ocidentais a sua incidência tem vindo a aumentar e é maior em adultos imunocomprometidos.
Tem uma apresentação geralmente sub-aguda e a mortalidade pode chegar a 10% dos casos, sendo que quanto mais tarde o diagnóstico pior o prognóstico.

Caso Clínico: Homem de 51 anos, usuário de drogas endovenosas, diabético insulinotratado e infeção VHC não tratada. Recorre ao Serviço de Urgência por dor nos membros inferiores que limitava a marcha com cerca de um mês de evolução. Apresentava-se febril e com nódulos subcutâneos bastante dolorosos, dispersos em ambos membros inferiores, sem outros sinais inflamatórios.
Realizou tomografia computorizada que evidenciou múltiplas formações hipodensas dispersas pelos grupos musculares de ambas as coxas e grande glúteo direito sugestivas de piomiosite.
A maior lesão foi drenada tendo-se isolado em exame cultural, Staphylococcus aureus meticilino-sensivel (MSSA) e iniciado antibioterapia dirigida.
O doente negou história de trauma ou uso de drogas endovenosas por punção nos membros inferiores. À inspeção não foram encontrados focos de entrada a esse nível.
Do estudo realizado, serologias negativas para HIV, HBV, CMV e HCV positivo. Realizou ecocardiograma transesófagico que excluiu endocardite, excluída prostatite por ecografia e realizou angioTAC que excluiu outras focalizações sépticas. De forma a excluir possíveis focos de osteomielite realizou RM dos membros inferiores que não identificou lesões.
O doente evoluiu favoravelmente com o inicio de antibioterapia. Após 15 dias de internamento apresenta nova lesão dolorosa na perna direita que foi drenada e de novo isolado MSSA, sem bacteriemia associada.
Decidiu-se realizar um exame imagiológico minucioso com ecografia dos membros inferiores que não identificou outras lesões passíveis de drenagem.
Durante o restante internamento objetivou-se uma melhoria franca do estado clínico com diminuição das lesões sob antibioterapia dirigida.
Reavaliação imagiológica a mostrar ainda alguns focos milimétricos compatíveis com piomiosite sem indicação para drenagem cirúrgica. À data de alta apresenta-se assintomático com recuperação total da capacidade de marcha.

Conclusão: Embora seja uma entidade pouco frequente em Portugal, o seu reconhecimento precoce é essencial para garantir um bom prognóstico. Este caso retrata um quadro de piomiosite que teve um desfecho benigno sem sequelas para o doente e que se baseou num atempado diagnóstico imagiológico, tratamento dirigido e exclusão de possíveis complicações associadas.