23

24

25

26
 
O PROBLEMA DO ARROZ VERMELHO
Doenças endócrinas, metabólicas e nutricionais - Poster com Apresentação
Congresso ID: PO098 - Resumo ID: 317
Centro Hospitalar Barreiro Montijo
Sara Santos, Célia Carmo, Mónica Pedro, Sara Gomes, Fátima Campante.
Introdução: Hoje em dia, com o maior interesse nas práticas de estilo de vida saudáveis, o mercado de produtos naturais tem crescido e ganho cada vez mais adeptos. Está comprovado que o arroz vermelho diminui os níveis de colesterolémia, pois possui na sua constituição a monacolina K, que é mesmo composto presente na lovastatina e por isso está associado aos mesmos efeitos adversos. Os autores apresentam um caso de uma mulher com rabdomiólise induzida por arroz vermelho.

Caso Clínico:
Mulher 50 anos, autónoma.
Com antecedentes pessoais: Hipertensão arterial e Síndrome depressivo.
Medicada habitualmente (segundo a própria - tirava esta expressão)com propranolol 10mg 1id, venlafaxina 200mg 1id e diazepam 5mg 1id.
Recorreu ao serviço de urgência (SU) por dor precordial tipo picada e mialgias com um dia de evolução. Negou outra sintomatologia acompanhante.
Encontrava-se hemodinamicamente estável, apirética e normotensa.
Exame objetivo sem alterações de relevo.
Analiticamente destacou-se uma creatina quinase (CK) muito elevada (5928 UIL).
Quando indagada em relação aos seus hábitos e outros consumos nomeadademente de produtos de ervanária, refere que recentemente por apresentar dislipidémia nas análises de rotina, terá iniciado por iniciativa própria a ingesta de arroz vermelho.
A doente ficou internada para hidratação, observando-se uma diminuição progressiva dos valores de CK, tendo tido alta referenciada para o médico de família.

Discussão:
Apesar de haver redução dos níveis de colesterol com o consumo diário de arroz vermelho, este não têm um perfil de segurança estabelecido, uma vez que a concentração de monacolina k varia bago a bago. Esta variação é sufiente para provocar efeitos adversos consideráveis como lesão renal aguda e hepatotoxicidade. Concomitantemente, não reduz tão eficazmente os níveis de colesterol em comparação com as estatinas e não estão bem estabelecidas as eventuais interações com outros fármacos.
Neste caso tratou-se de um quadro de mialgias com rabdomiólise, sem outra repercussão, apesar dos possíveis efeitos nocivos poderem ter consequências mais gravosas.
Visto o crescente interesse destes produtos pela população, é necessário questionar o doente em relação ao seu consumo, pois muitos doentes não associam o consumo destes produtos a efeitos nefastos e não os consideram um medicamento, omitindo-o da medicação habitual quando indagados.