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O DIAGNÓSTICO DE LEUCEMIA LINFOCÍTICA CRÓNICA NUMA IDA AO SERVIÇO DE URGÊNCIA
Doenças hematológicas - E-Poster
Congresso ID: P389 - Resumo ID: 326
Serviço de Medicina Interna - Hospital Central do Funchal
Bela Machado, Mariana Mendes Gomes, Mariana Bilreiro, Carolina Barros, Helena Freitas Luís, Lino Nóbrega, Luz Brazão
A Leucemia linfocítica crónica (LLC) é uma doença indolente com uma história natural bastante variável. A sua incidência aumenta com a idade e a forma de apresentação varia desde um achado nas análises de rotina, ao aparecimento de adenomegálias dolorosas ou em 5 a 10% dos pacientes apresentam-se com sintomas B à admissão. O diagnóstico começa por alteração no hemograma.
Os autores apresentam um caso clínico de um indivíduo do sexo feminino, de 59 anos, com antecedentes pessoais de hipertensão arterial e síndrome depressivo. Recorreu ao Serviço de Urgência por tosse não produtiva e adenomegalias submandibulares bilateralmente com 3 dias de evolução, sem outras queixas tais como perda ponderal e cansaço. Ao exame objetivo a doente apresentava-se apirética e hemodinamicamente estável, com adenomegalias submandibulares, cervicais posteriores e axilares bilateralmente e supraclavicular à direita com dimensões entre 1 a 2cm, não aderente aos planos profundos, não dolorosas e de consistência dura. Não apresentava hepato ou esplenomegalia e sem outros achados ao exame objetivo. Analiticamente apresentava uma leucocitose de 167x10^3/uL com 153x10^3/UL linfócitos. O esfregaço de sangue periférico confirmou a linfocitose, observando-se 86% de linfócitos atípicos e manchas de Gumprecht. Sem alterações relevantes nas restantes linhagens. Foi realizado mielograma que revelou hiperplasia da série linfóide e aspectos morfológicos compatíveis com infiltração por células de LLC. A citometria de fluxo do sangue periférico e do aspirado medular foi concordante mostrando uma população linfoide. A doente foi orientada para a consulta de hematologia para dar continuidade ao estudo e para iniciar tratamento. As serologias virais foram negativas e o estudo citogenético mostrou uma deleção 17p, 11q e 13q negativas e uma trissomia 12 positiva. As imunoglobulinas e beta 2 microglobulina apresentavam valores dentro da normalidade. Realizou uma tomografia computorizada toraco-abdomino-pélvica que confirmou a presença de múltiplas adenopatias envolvendo os territórios ganglionares cervicais, supraclaviculares, axilares, hilar à direita, bem como os territórios intra-abdominais, lombo-aórticos e pélvicos.
A doente foi classificada como uma LLC de risco intermédio (Rai 1, Binet B) e iniciou tratamento com fludarabina, ciclofosfamida e rituximab durante 6 ciclos. Após o primeiro ciclo a doente apresentava-se sem leucocitose. Foi repetida a tomografia computorizada toraco-abdomino-pélvica revelando uma resposta completa à terapêutica.
Este caso pretende demonstrar a inespecificidade de sintomas à apresentação e a necessidade de suspeição clínica por parte de um Internista no Serviço de Urgência. O diagnóstico diferencial da LLC inclui causas infecciosas e outras neoplasias hematológicas que cursam com linfocitose. A duração do tratamento depende da resposta do doente até à obtenção de remissão completa.