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UMA DOR DE CABEÇA DIFERENTE
Doenças cérebro-vasculares e neurológicas - E-Poster
Congresso ID: P654 - Resumo ID: 30
Hospital Beatriz Ângelo
Rita Gameiro, Rodolfo Gomes, Bárbara Picado, Fernando Martos Gonçalves, José Lomelino Araújo
INTRODUÇÃO: A síndrome de leucoencefalopatia posterior reversível (SLPR) é uma entidade heterogénea, caracterizada pela presença de edema vasogénico da substância cerebral branca posterior, que se manifesta através de cefaleia, alteração da consciência, crise convulsiva ou défices visuais. Surge devido a alterações na autorregulação cerebral e a disfunção endotelial, sendo fatores de risco a hipertensão arterial, doenças autoimunes e terapêutica imunossupressora. O seu tratamento consiste na redução da pressão arterial, administração de anticonvulsivante e suspensão de terapêutica imunossupressora, sendo o seu prognóstico favorável na maioria dos doentes.
CASO CLÍNICO: Os autores apresentam o caso de uma mulher de 53 anos, com história de síndrome de sobreposição lúpus eritematoso sistémico/artrite reumatóide, bronquiolite intersticial e hipertensão arterial essencial, que foi levada à urgência por quadro de cefaleia e alteração do estado de consciência com crise convulsiva. Ao exame objetivo, apresentava PA 235/180 mmHg, fácies cushingóide, livores nos membros inferiores, murmúrio vesicular mantido e simétrico bilateralmente, com discretas crepitações, rooving ocular no período pós-crítico imediato, posteriormente focava interlocutor, pupilas isocóricas e isorreativas, respondia a perguntas simples, com discurso confuso e agitação, mímica facial mantida sem assimetria, mobilizava os 4 membros, sem assimetria aparente. Realizou análises, sem alterações de relevo e TC de crânio com hipodensidades discretas subcorticais parieto-occipitais bilaterais, com relativa maior extensão superior à direita, com relativa redução da amplitude sulcal marginal. Levantada a hipótese de SLPR, tendo realizado RM de crânio e eletroencefalograma, que foram concordantes. Iniciou terapêutica hipotensora e anticomicial, tendo flutuação do estado de consciência nas primeiras 24 horas, a motivar realização de punção lombar, com pressão de abertura aumentada, mas com exame citoquímico normal. Durante o restante internamento, teve evolução favorável com controlo tensional e melhoria de cefaleia após introdução de analgesia. Referenciada a consulta de Neurologia.
DISCUSSÃO: Os autores reforçam a importância de equacionar o diagnóstico de SLPR no doente que se apresente com clínica característica na presença de hipertensão e TC de crânio com alterações da substância branca posterior, dado a sua reversibilidade com tratamento precoce e adequado.