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LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO NO ESTUDO DE FEBRE DE ORIGEM INDETERMINADA
Doenças autoimunes, reumatológicas e vasculites - E-Poster
Congresso ID: P120 - Resumo ID: 330
CENTRO HOSPITALAR DE SÃO JOÃO, SERVIÇO DE MEDICINA INTERNA
Ana Monteiro, Inês Ferreira, Margarida Silva, Jorge Almeida
Introdução: Lúpus eritematoso sistémico (LES) é uma doença inflamatória crónica, autoimune do tecido conjuntivo, de afetação multissistémica, com um largo espetro de manifestações clínicas. O diagnóstico é difícil, uma vez que a doença se apresenta com uma variedade de sintomas e sinais clínicos e laboratoriais, podendo afetar qualquer órgão. A apresentação clínica varia desde sintomas constitucionais, a atingimento articular, cardíaco, cutâneo, de mucosas, hematológico, gastrointestinal, neuropsiquiátrico, pulmonar, renal, oftalmológico ou vascular. O caso reportado é de um homem admitido para estudo de febre, com diagnóstico de LES, após anamnese cuidada.
Caso clínico: Homem, 67 anos. História médica prévia de Diabetes Mellitus tipo 2 e Hipertensão arterial, de longa evolução, com lesão de órgão alvo: Doença Renal Crónica (DRC) estadio terminal, assumida etiologia multifatorial, em programa regular de hemodiálise e Derrame Pericárdico pequeno volume, diagnosticado 2 anos antes do presente internamento, assumida etiologia provável urémica. Foi admitido no serviço de Medicina Interna, por febre de etiologia indeterminada para estudo. Foi excluída etiologia infeciosa ou neoplásica, incluído estudo endoscópico de tubo digestivo e Tc toraco-abdomino-pélvica. Foi colocada a hipótese de doença autoimune após anamnese cuidada. O doente apresentava sintomas constitucionais com 4 meses de evolução, febre, sem predomínio de horário, máxima de 38,3ºC, astenia intensa, com limitação na vida diária e perda ponderal importante, não quantificada; úlceras orais; poliartralgias migratórias de joelhos, sem evidência de artrite, edema ou sinais inflamatórios. Ao exame objetivo foi documentada febre (38ºC) e humor depressivo, sem outras alterações de relevo. Do estudo realizado, analiticamente foi documentada anemia hemolítica e Velocidade de sedimentação (VS) de 99mm/1ªh. Radiologicamente, documentado derrame pleural de pequeno volume à direita, portanto polisserosite (derrame pericárdico e pleural). Do estudo imunológico, foi documentada positividade para auto-anticorpos anti-dsDNA e anti-ANA. Foi assumido o diagnóstico de LES, pelo que iniciou corticoterapia em baixa dose (Prednisolona 5mg/dia) e Hidroxicloroquina, com melhoria clínica, resolução de febre e diminuição da VS.
Discussão: A anamnese cuidada e a soma rigorosa de sintomas e sinais clínicos, levam à suspeita diagnóstica de LES, um diagnóstico difícil, por vezes com anos de evolução, como no caso reportado. No caso descrito o doente apresenta-se com sintomas constitucionais, atingimento articular, cardíaco, de mucosas, hematológico, neuropsiquiátrico, pulmonar e renal, alguns dos sintomas com anos de evolução.