Ana Ferro, Helena Greenfield, Denise Magalhães, Catarina Tavares, Gonzalo Ruibal, Rui Silva, Cristina Rodrigues
Homem de 69 anos, com antecedentes de doença cerebrovascular extensa, com disfagia para sólidos e líquidos e, consequentemente, episódios recorrentes de broncoaspiração, tendo sido decidida a colocação de gastrostomia percutânea (PEG) para alimentação. Seis dias após colocação de PEG, apresentou quadro de distensão abdominal e estase gástrica, sem sinais de abdómen agudo, com trânsito intestinal mantido, tendo sido colocado em pausa alimentar. A tomografia computorizada (TC) abdominal demonstrou presença de pneumatose da parede do cólon direito, até ao ângulo hepático, bem como do íleo terminal e das ansas ileais. Atendendo ao estado comórbido, foi decidida em reunião multidisciplinar uma abordagem conservadora, com pausa alimentar e colocação de PEG em drenagem. O doente apresentou melhoria clínica, tendo sido retomada a alimentação pela PEG de forma progressiva. Após 2 semanas, foi efetuada reavaliação imagiológica que mostrou agravamento radiológico, no entanto dada a ausência de clínica ou intercorrência infeciosa, bem como tolerância alimentar preservada, foi mantida a abordagem conservadora. Verificou-se resolução total da pneumatose em 5 semanas.
A pneumatose intestinal representa a presença de ar na parede intestinal. Pode ser idiopática ou secundária, sendo que esta última é responsável por 85% dos casos. Apresenta um significado patológico vasto: desde ser apenas um achado imagiológico, até uma condição que requer exploração cirúrgica emergente, pelo qual não se pode descurar a avaliação clínica.
Esta imagem retrata uma complicação rara de um procedimento cada vez mais necessário e demonstra um caso exuberante de pneumatose intestinal.