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3 HOMENS, 3 CENÁRIOS CLÍNICOS, 3 DISSECÇÕES– A MESMA URGÊNCIA
Urgência / Cuidados Intermédios e Doente Crítico - E-Poster
Congresso ID: P852 - Resumo ID: 32
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra - Hospital Geral
Cristina Martins, João Pina Cabral, Pedro Ribeiro, Armando Carvalho
Introdução: Define-se dissecção da aorta (DA) como uma separação na íntima da aorta que causa fluxo sanguíneo dentro de um canal falso composto pelas camadas interna e externa da média. É considerada aguda se tem menos de 14 dias de evolução, representando uma emergência médica. Os autores apresentam 3 casos clínicos de doentes do sexo masculino que se apresentaram no serviço de urgência com diferentes quadros clínicos, todos eles por DA.
Caso 1: 45 anos, hipertenso, recorre por toracalgia esquerda de início súbito e intenso, com 2h de evolução, em aperto, com sensação de ardor, com irradiação para a região dorsal. Sem alterações ao exame físico, com TA braço direito 147/103 e esquerdo 153/97 mmHg, com pulsos radiais e pediosos amplos e simétricos e gasimetria e ECG sem alterações. Muito queixoso, inquieto na maca, pálido e sudorético, o que motivou pedido imediato de realização de Vscan, que levantou suspeita de DA, confirmada posteriormente por angio-TC: DA tipo A, da aorta ascendente, com ínicio na raiz da aorta. Iniciada perfusão com dinitrato, com intervenção cirúrgica cardíaca posterior, bem sucedida.
Caso 2: 81 anos, hipertenso, com história de cardiopatia isquémica, recorre por precordialgia de início súbito e intenso, com 2h de evolução, em aperto, sem irradiação, com náuseas associadas. Queixoso, com palidez e sudorese marcadas, TA braço direito 179/89 e esquerdo 149/75 mmHg, com pulsos radiais e pediosos amplos e simétricos. ECG com hemibloqueio de ramo esquerdo. Vscan levantou suspeita de DA, com angio-TC posterior a relatar: DA tipo A, com hematoma intramural, desde a aorta ascendente até à transição toraco-abdominal. Iniciada perfusão com labetalol, com intervenção cirúrgica cardíaca posterior, bem sucedida.
Caso 3: 50 anos, hipertenso e fumador, recorre por queixas de dor lombar e no membro inferior direito de início súbito e intenso, com 1h de evolução. Muito queixoso (referindo lombalgia intensa), inquieto na maca, com palidez e sudorese marcadas, extremidades frias e mal perfundidas, com pulsos radiais, femorais e pediosos simétricos, mas finos, e TA em ambos os braços e pernas de cerca de 220/120 mmHg. Solicitada ecografia abdominal à cabeceira que levantou suspeita de DA, confirmada por angio-TC: DA tipo A, com início na aorta ascendente e que se estende até às ilíacas. Iniciada perfusão de labetalol e dinitrato, com intervenção cirúrgica cardíaca imediata, bem sucedida.
Discussão: Apesar dos avanços diagnósticos e terapêuticos, a DA apresenta ainda uma elevada mortalidade e um diagnóstico difícil, assente em dados clínicos e numa elevada suspeição inicial. Os casos apresentados, com características clínicas variadas, partilhavam, contudo, um denominador comum: o estado global do doente, que levou a investigação premente do quadro e ao diagnóstico atempado, com um contributo importante da ecografia, que permitiu o sucesso terapêutico.