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COLITE PSEUDOMEMBRANOSA – CASUÍSTICA DE INTERNAMENTO DO SERVIÇO DE MEDICINA INTERNA DE 2015 A 2018
Doenças infeciosas e parasitárias - Comunicação
Congresso ID: CO101 - Resumo ID: 364
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
Helena Rodrigues, Rogério Ferreira, Lèlita Santos, Armando Carvalho
Introdução:
A colite pseudomembranosa é uma doença infeciosa provocada pelo bacilo gram positivo Clostridium difficile. Esta é uma das infeções associadas aos cuidados de saúde mais comuns e também uma importante causa de morbi-mortalidade nos doentes idosos hospitalizados. A colonização do intestino ocorre pela via fecal-oral e é facilitada pela disrupção da flora intestinal normal, surgindo geralmente na sequência de antibioterapia prévia.

Objectivos:
Caracterizar os doentes com diagnóstico de colite pseudomembranosa internados no Serviço de Medicina Interna de um hospital central num período de três anos.

Material e métodos:
Estudo retrospetivo, baseado na pesquisa de cartas de alta dos doentes internados no Serviço de Medicina Interna entre 30/04/2015 e 30/04/2018, utilizando como palavras chave “Clostridium” e “difficile”. Apenas foram considerados doentes com diagnóstico principal ou secundário de infecção por Cl. difficile, tendo sido excluídos todos os doentes com estirpe não toxicogénica e suspeita de infecção não confirmada por estudo de fezes. Registaram-se a idade, sexo, grau de dependência, duração de internamento, antibioterapia prévia e outros fatores de risco, tratamento, complicações, infeção prévia e recorrência de infeção.

Resultados:
Foram incluídos no estudo 64 doentes, de acordo com os critérios apresentados. A maioria era do sexo feminino (78,1%), com idade média de 80,8 anos (mín 32 e máx 97). Quanto ao grau de dependência, 57,8% dos doentes era totalmente dependente e 39% estavam institucionalizados. A duração média de internamento foi de 15,8 dias.
A maioria dos doentes (38 doentes - 59,3%) tinha sido submetido a antibioterapia nos 3 meses prévios. Os antibióticos mais implicados foram: ciprofloxacina, amoxcilina/ác. clavulânico, metronidazol, piperacilina/tazobactam. No que toca aos outros fatores de risco associados: toma de inibidor da bomba de protões (45,3%), doença renal crónica (31,2%), insuficiência cardíaca (43,8%), antecedentes de neoplasia (17,1%).
O tratamento instituído foi: metronidazol em 39 doentes (60,9%), vancomicina em 10 doentes (15,6%), combinação de metroniazol e vancomicina nos restantes. 21 doentes (32,8%) tomaram probiótico. Ocorreram complicações em 27 doentes (42,1%), sendo as mais comuns as infeciosas. A taxa de mortalidade foi de 23,4%.
14% dos doentes tinham antecedentes de infecção por Cl.difficile e 18,7% tiveram recorrência da infecção.


Conclusões:
Verificou-se que na população estudada, esta infeção afeta doentes de faixas etárias mais avançadas, com grau de dependência mais elevado, sendo que a grande maioria apresenta importantes comorbilidades, que constituem também fatores de risco para infeção. Uma importante proporção dos doentes tinha sido submetida a antibioterapia nos meses anteriores, constituindo assim um importante fator de risco. No que toca ao tratamento instituído, este estava de acordo com as guidelines vigentes à data de internamento.