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UMA APRESENTAÇÃO ATÍPICA DE NEOPLASIA PULMONAR
Doenças oncológicas - E-Poster
Congresso ID: P765 - Resumo ID: 368
Serviço de Medicina 2.1 - Hospital Santo António dos Capuchos, Centro Hospitalar Lisboa Central
Ana Bravo, Cláudia Neves, Daniela Carneiro, Inês Urmal, Miguel Valente, Helena Estrada
A neoplasia do pulmão é uma das principais causas de morbilidade e mortalidade em Portugal. Habitualmente é diagnosticada numa fase tardia, localmente avançada ou com metástases, uma vez que na fase inicial praticamente não apresenta sintomas. Cerca de 15 a 30% dos doentes apresenta metastização óssea, principalmente a nível vertebral, o que aumenta o risco de compressão medular. Esta pode traduzir-se por dorsalgia ou lombalgia, fraqueza muscular, défices sensitivos e incontinência de esfíncteres, sendo uma das complicações mais incapacitantes. A compressão medular metastática secundária a neoplasia do pulmão tem pior prognóstico do que a associada a outros tumores sólidos.
Apresenta-se o caso de um homem de 63 anos, fumador, com antecedentes de epilepsia e aneurisma fusiforme da artéria vertebral direita (a aguardar cirurgia). Cerca de 5 meses antes do internamento inicia queixas álgicas a nível da omoplata esquerda com irradiação para a região dorsal e membro superior homolateral. Observado e medicado diversas vezes em contexto de Urgência, tendo sido sempre admitida dor de origem músculo-esquelética. Somam-se diminuição da força muscular e parestesias nos membros inferiores com progressão ascendente, com compromisso da marcha e desequilíbrio com uma semana de evolução. À observação apresenta paraparésia com força muscular grau 1, nível de sensibilidade em D5-D6 e hiperreflexia osteotendinosa mais evidente à esquerda. Realizou RMN da coluna que mostrou volumosa lesão infiltrativa a envolver vértebras D1-D3 com compressão medular, com extensão perivertebral, pleural e pulmão adjacente, sugerindo etiologia neoplásica de eventual ponto de partida pulmonar. Sem indicação para descompressão cirúrgica, iniciou corticoterapia e radioterapia sem melhoria, mantendo paraparésia até nível D4-D6 e hipostesia. A biópsia da lesão paravertebral confirmou o diagnóstico de adenocarcinoma do pulmão. O quadro clínico evoluiu com choque séptico de ponto de partida respiratório e queixas álgicas não controladas com necessidade de escalar terapêutica analgésica, tendo o doente vindo a falecer.
Os autores pretendem realçar a apresentação inicial atípica e rara de neoplasia pulmonar, que condicionou o atraso no diagnóstico e abordagem terapêutica. O desenvolvimento de compressão medular metastática acarreta grave compromisso funcional e tem um profundo impacto na qualidade de vida do doente.