Homem de 43 anos. Fumador (40UMA) e em programa de desabituação alcoólica há 6 meses, seguido numa instituição de reabilitação social. É referenciado por esta, ao Serviço de Urgência, por tosse produtiva com mais de 2 semanas e de agravamento progressivo, toracalgia, sudorese noturna e perda ponderal > 5% num mês. Sem antecedentes de consumo de drogas injetáveis. Objetivamente, doente apirético e sem adenopatias palpáveis. Dos exames realizados, a destacar leucocitose 15640uL, com neutrofilia 76%, velocidade de sedimentação 51mm/h e proteína C reativa 4.81mg/dl. Radiografia torácica com lesão arredondada de bordo hipotransparente, 4.2x5.0cm, no ápice do hemitórax direito, sugestivo de lesão cavitada. Por suspeita de tuberculose (TB) pulmonar, colheu expectoração com pesquisa de bacilo álcool-ácido resistente (BAAR) e serologias víricas (HBV, HCV e HIV). Internado por infeção respiratória, em quarto isolado, sob antibioterapia empírica. Obteve-se expectoração positiva para BAAR e Klebsiella pneumoniae não produtora de beta-lactamase, multissensível (MS). Culturas em meio líquido e sólido positivas para Mycobacterium tuberculosis (MT), MS. Iniciou antibacilares com isoniazida, rifampicina (R), pirazinamida e etambutol e fez-se notificação ao Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica. Foi identificado o DNA do MT em elevada carga, sensível à R. Serologias víricas negativas. Ao fim de 42 dias de terapêutica, obteve-se culturas para MT negativas. Teve alta com antibacilares e referenciado à Consulta de Doenças Respiratórias. A TB é contagiosa e potencialmente curável, sendo a manifestação pulmonar mais frequente (75%). A idade média ao diagnóstico é 50 anos. Em Portugal a incidência está em decréscimo. Dos 69 casos registados entre 2014-2016 nos Açores, 38 ocorreram em São Miguel. Apesar das técnicas atuais, tem-se verificado um atraso entre o início dos sintomas e o diagnóstico. Devido à elevada resistência à R na região, está recomendado o teste de resistência à R.