O pneumomediastino espontâneo caracteriza-se pela presença de ar livre no mediastino. Na Figura 1, homem de 29 anos, sem antecedentes pessoais relevantes, que recorreu ao SU por odinofagia e tosse com expetoração de difícil eliminação, com cerca de 24h de evolução. Posteriormente, com dispneia e dor retrosternal constante, com irradiação para o dorso e agravamento com os movimentos respiratórios. Sem alterações de relevo no estudo analítico, radiografia torácica e eletrocardiograma. Na tomografia computorizada (TC) torácica com “pneumomediastino de pequeno volume”, “mais expressivo no mediastino superior”, com “extensão para o espaço visceral dos planos cervicais inferiores”. Na TC cervical, “presença de gás nos planos retrofaríngeos e carotídeos à direita”. Foi internado por pneumomediastino espontâneo, sob oxigenoterapia, tendo apresentado evolução favorável.
A angina de Ludwig é uma forma de celulite rapidamente progressiva, que envolve o espaço sublingual e submandibular. Na Figura 2, homem de 84 anos, com antecedentes de sialoadenite esquerda, trazido ao SU por febre e expetoração mucopurulenta. Ao exame objetivo, com tumefação submandibular direita, secreções abundantes na cavidade oral com estase salivar e elevação do pavimento da língua. Presenciada paragem respiratória, revertida com aspiração de secreções da orofaringe. Na TC cervical com “glândula submandibular direita de dimensões aumentadas, com captação heterogénea de contraste, traduzindo sialoadenite”; “densificação de aspeto reticulado dos planos de gordura superficiais e profundos do pescoço homolaterais, traduzindo celulite/fleimão, com extensão ao pavimento da cavidade oral”. Objetivava-se “redução moderada da via aérea no plano da orofaringe”. Foi avaliado por Otorrinolaringologia, submetido a traqueostomia de urgência e drenagem das coleções abcedadas.
Ambas as situações são causas raras de dispneia, potencialmente fatais, sendo o reconhecimento precoce e atuação imediata fundamentais.