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O USO DE OPIÓIDES PARA CONTROLO DE SINTOMAS NA DOENÇA RESPIRATÓRIA CRÓNICA E INSUFICIÊNCIA CARDÍACA AVANÇADAS
Cuidados paliativos - Comunicação
Congresso ID: CO047 - Resumo ID: 418
Centro Hospitalar Universitário do Porto, Serviço de Medicina Interna
Patrícia Baptista, Sara Vieira Silva, Elga Freire
Título: O uso de opióides para controlo de sintomas na Doença Respiratória Crónica e Insuficiência Cardíaca avançadas
Introdução: Nos últimos anos tem-se tornado crescente a importância dos Cuidados Paliativos na abordagem da doença crónica avançada, nomeadamente na Doença Respiratória Crónica (DRC) e Insuficiência Cardíaca (IC) terminais. A melhoria da qualidade de vida destes doentes é o objetivo primordial e o controlo de sintomas a sua principal estratégia. O uso de opióides neste contexto tem-se revelado como um tratamento comprovadamente eficaz não só no alívio da dor mas também da dispneia refratária, sintoma tão prevalente nestas insuficiências de órgão.
Objectivo: Avaliar a prescrição de opióides na DRC e IC avançadas em doentes internados.
Material e Métodos: Estudo observacional e retrospectivo dos doentes com DRC e/ou IC avançadas internados num hospital central universitário e observados pela equipa intra-hospitalar de Cuidados Paliativos num período de 53 meses (de 1 de Janeiro de 2014 a 1 de Junho de 2018). Foi avaliada a prescrição de opióides, sua indicação, via e dose de administração, na data da primeira avaliação pela equipa e na data de alta ou óbito. A análise estatística foi realizada através do programa Excel®.
Resultados: Foram incluídos 183 doentes, 61 com IC, 49 com DRC e 73 com ambos os diagnósticos. Mais de ¾ dos doentes (76,5 %) apresentou-se com dispneia, mais prevalente no grupo dos doentes com IC e DRC (83,6%), seguido do grupo IC (78,7%) e DRC (63,3%). Esta distribuição refletiu-se também na percentagem de doentes com prescrição de opióide. A dor foi um sintoma globalmente menos prevalente (12,6%), também em todos os subgrupos analisados. A dose de opióide administrada foi em média superior nos doentes com opióide com dor em comparação com os doentes com opióide com dispneia. À data de alta/óbito cerca de 68,3% dos doentes apresentava dispneia, a grande maioria (96,0%) controlada. A percentagem de doentes com terapêutica opióide foi maior à data de alta/óbito em comparação com a primeira avaliação (67,2% Vs 32,8%).
Conclusão: A dispneia confirmou-se como um sintoma muito prevalente nos doentes com DRC e IC avançadas. De acordo com a evidência científica conhecida, nos doentes avaliados verificou-se o uso frequente e crescente de opióides para controlo da dispneia refratária, ainda que em média, em menor dose do que a necessária para controlo da dor.