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ULTRAPASSANDO O PRECONCEITO DE NEOPLASIA TERMINAL: DOIS CASOS DE COLECISTITE AGUDA INTERVENCIONADA
Doenças oncológicas - E-Poster
Congresso ID: P679 - Resumo ID: 430
Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, Hospital Santa Maria - Serviço de Medicina I
Yolanda Sá Pereira, Jorge Silva Ferreira, Bernardo Maria, João Coutinho, Luis Costa, Maria João Gomes
INTRODUÇÃO: A colecistite aguda, é uma complicação rara mas reconhecida da quimioterapia molecular dirigida, estando particularmente associada ao sunitinib. No entanto, no doente com neoplasia metastizada, sob terapêutica anti-álgica, as manifestações clínicas habituais da colecistite podem estar mitigadas. Apresentam-se dois casos clínicos de doentes com neoplasias em estado avançado e sob terapêutica dirigida, cujo diagnóstico de colecistite foi atrasado 48 horas. Ambos foram submetidos a cirurgia, com uma sobrevida de 12 meses num dos casos e superior a 21 meses, no segundo. CASO CLINICO 1: A.R.M.P.C., sexo feminino, 61 anos com diagnóstico de adenocarcinoma de células claras do rim com metastização óssea e pulmonar, medicada com sunitinib. Admitida num Serviço de Medicina para medidas paliativas de conforto após se ter dirigido ao SUC por dor abdominal. À entrada estava com febre, hipotensa e com dor à descompressão no hipocôndrio direito. Laboratorialmente, sem leucocitose, com elevação marcada da proteína C reativa (36.2mg/dL) e elevação dos parâmetros de colestase. Pedida ecografia e TC abdominal verificou-se colecistite litiásica com abcesso na parede. Sendo o prognóstico de sobrevida expectável acima de 12 meses, foi submetida colecistectomia, sem intercorrências, tendo alta para o domicílio. Veio a falecer 12 meses depois. CASO CLÍNICO 2: F.J.M.R., sexo masculino, 71 anos, com diagnóstico de tumor neuroendócrino do pâncreas, com metastização hepática, sob terapêutica antineoplásica com lutécio. Admitido no Serviço de Medicina por dor abdominal tendo sido feita ecografia abdominal que mostrou vesícula de parede fina com litíase múltipla, suspeitando-se de dor de origem oncológica. Laboratorialmente, com leucocitose e neutrofilia, proteína C reativa de 33.3 mg/dL, lesão renal aguda e elevação dos parâmetros de colestase. Às 48 horas com instalação de choque e anúria. Pediu-se nova ecografia que mostrou perfuração da vesícula, com sinais de peritonite extensa associada. Submetido a colecistectomia. Permanece atualmente em atividade na vida pública. DISCUSSÃO: Certos tipos de terapêutica molecular como o sunitinib, dada a sua excreção biliar, aumentam a incidência de doença hépato-biliar podendo originar colecistite aguda. Quando esta ocorre em doentes com neoplasias em estado avançado, pode ter manifestações clínicas atípicas, o que leva ao atraso do diagnóstico. A intervenção cirúrgica deve ser considerada, como mostrado pelos casos clínicos expostos, nos doentes com estimativa de sobrevida superior a 12 meses, ultrapassando o preconceito associado à condição oncológica.