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SÍFILIS SECUNDÁRIA - UM CASO DE HEPATITE COLESTÁTICA
Doenças infeciosas e parasitárias - Caso Clínico
Congresso ID: CC048 - Resumo ID: 436
Centro Hospitalar de Leiria - Hospital de Santo André - Medicina Interna II
Cátia Santos, Flávia Santos, Olga Jesus, Maria Jesus Banza, Célio Fernandes
A sífilis secundária é uma doença pouco frequente, devido à evolução na sua deteção em fases mais precoces da doença. O atingimento hepático com alteração das provas de função hepática podem acontecer com alguma frequência na sífilis, uma hepatite clínica com icterícia é uma situação rara atualmente.
Relatamos o caso clínico de um doente do sexo masculino, 47 anos, sem comorbilidades de relevo, negando hábitos etílicos, tabágicos e de drogas ilícitas Admitido no serviço de urgência por febre, icterícia cutâneo-mucosa associada a prurido e colúria com cerca de 2 semanas de evolução. Descrevia o aparecimento de lesões cutânea dispersas no tronco, região glútea com envolvimento das palmas das mãos e plantas dos pés com cerca de 3 semanas de evolução, sem adenopatias palpáveis. O doente foi admitido para estudo na enfermaria de medicina, com o diagnóstico de icterícia colestática. Do estudo complementar realizado, destacam-se hiperbilirrubinémia mista, aumento das atividades séricas das enzimas fosfatase alcalina, gama-glutamiltransferase e aminotransferases, mas sem alteração do tempo de protrombina nem das plaquetas. Também foram normais ou negativos os valores séricos de alfa-1 antitripsina, cobre, ceruloplasmina, metabolismo férrico, pANCA, ANA, AMA, anticorpos anti-músculo liso, e anti-LKM. Serologias negativas para os vírus da hepatite A, B e C, da imunodeficiência humana, de Epstein-Barr e leptospira. O estudo imagiológico excluiu obstrução da via biliar e sem alteração da morfologia hepática. O rastreio da sífilis (VDRL/RPR) foi positivo, com título de 1:64, tendo o teste de ELISA confirmado infeção ativa e a serologia para Clamydia tracomatis foi também positiva. O doente foi tratado com 2.4 milhões de unidades de penicilina benzatínica intramuscular e ceftriaxone 500mg, ambas toma única.
A apresentação deste caso pretende alertar para a importância do diagnóstico diferencial de hepatites colestáticas, pois a hepatite sifilítica costuma surgir associada a manifestações de sífilis secundária. Assim, a importância de considerar a sífilis na marcha diagnóstica, principalmente nos casos de hepatites atípicas ou nos doentes que apresentam alteração das provas de função hepática de etiologia não filiada, sobretudo nos grupos de risco.