23

24

25

26
 
INCHA, DESINCHA E PASSA – TUMEFAÇÃO CERVICAL, A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO
Doenças infeciosas e parasitárias - E-Poster
Congresso ID: P567 - Resumo ID: 439
Centro Hospitalar Baixo Vouga, Aveiro
Carolina Amado, Mariana Maranhas, Tiago Valente, Ana Rocha Oliveira, Marcelo Aveiro, Margarida Cruz
As tumefacções cervicais são um motivo de admissão comum, com apresentação clinica variável e constituindo um desafio na distinção da etiologia subjacente, pelo amplo diagnóstico diferencial que se impõe.
Mulher, 56 anos, fumadora ativa (19 UMA), com antecedentes de Hipotiroidismo e Hipertensão Arterial. Recorreu ao Serviço de Urgência por tumefação cervical esquerda, dolorosa, com sinais inflamatórios agravados, quadro com evolução de um mês. Associadamente, referência a febre e sudorese noturna nos 4 dias prévios à admissão. Negava anorexia, astenia, perda ponderal, queixas respiratórias ou estomatológicas recentes, sem contexto epidemiológico conhecido. Ao exame objetivo, tumefação móvel de cerca de 8x5 cm, não aderente às estruturas adjacentes e de consistência pétrea, dolorosa à palpação. Tiróide não palpável e sem adenopatias palpáveis nas principais cadeias ganglionares. Analiticamente, hemograma sem alterações, elevação da proteína C reativa e velocidade de hemossedimentação (15 mg/dL e 80 mm/1ªH, respetivamente), serologias víricas comuns e estudo de autoimunidade negativos e função tiroideia normal. Do restante estudo, a destacar: TC cervical que evidenciou conglomerado adenopático necrosado e abecedado e ecografia tiroideia que mostrou vários nódulos sólidos em ambos os lobos, para controlo evolutivo. Realizou, ainda, TC-TAP sem alterações de relevo, nomeadamente outras adenopatias, esplenomegalia ou lesão suspeita de malignidade. Endoscopia digestiva alta sem alterações relevantes. Foi avaliada por ORL e Estomatologia, sem alterações a justificar o quadro clínico. Realizou biópsia aspirativa da lesão, na impossibilidade de excisão ganglionar, com escassa colheita de produto, que foi negativo para Mycobacterium tuberculosis. Não foi possível exame bacteriológico e histológico. Por etiologia infeciosa mais provável, embora sem agente identificado, cumpriu antibioterapia, com resposta favorável. Em reavaliação aos 6 meses, doente assintomática e com controlo imagiológico sem alterações.
A causa mais frequente de tumefacção cervical lateral no adulto, de instalação aguda, é a infeção e/ou inflamação reativa. No entanto, dependendo dos factores de risco conhecidos, é necessário excluir outras etiologias, destacando-se as neoplasias, do foro ORL ou linfoproliferativas, e a tuberculose ganglionar.
O presente caso pretende ilustrar a dificuldade da marcha diagnóstica de tumefações cervicais, assim como a necessidade de exclusão de patologias que cursam com elevada morbi-mortalidade.