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PSEUDOHIPONATREMIA: UM CASO DE LÍPIDOS
Doenças endócrinas, metabólicas e nutricionais - E-Poster
Congresso ID: P299 - Resumo ID: 447
Centro Hospitalar de Leiria - Hospital de Santo André - Medicina Interna II
Cátia Santos, Joana Raquel Monteiro, João Santos, Célio Fernandes
Perante um doente com hiponatremia a primeira medida deverá ser a exclusão de uma pseudohiponatremia. Assim, poderá existir uma pseudohiponatremia com osmolaridade sérica elevada, o caso mais frequente, as hiperglicemias; ou a pseudohiponatremia com osmolaridade sérica normal, descrita nas hiperproteinemias e dislipidemias severas.
Os autores relatam o caso clínico de uma mulher de 29 anos, caucasiana, com história de diabetes e litíase biliar, que recorreu ao serviço de urgência com queixas de dor abdominal e obstipação com 3 dias de evolução. A ecografia abdominal revelou hepatomegalia e esteatose hepática. A radiografia abdominal mostrou distensão intestinal sem níveis hidro-aéreos. Analiticamente objetivou-se hiponatremia de 114mmol/l, sem outras alterações significativas. Após controlo álgico a doente foi internada na enfermaria de medicina para continuidade de cuidados e estudo etiológico da hiponatremia. Contudo, a doente apresentou agravamento clínico com recorrência e exacerbação da dor abdominal. A reavaliação analítica mostrou elevação acentuada dos parâmetros inflamatórios e da amilase 130 U/l e Lipase 261U/l; sódio sérico 111mmol/l, e com glicose, proteínas totais e osmolaridade plasmática normais. Foram realizadas hemoculturas e iniciada antibioterapia empírica. A tomografia computorizada (TC) abdominal revelou sinais de pancreatite aguda bem como litíase biliar, confirmando-se o diagnóstico de pancreatite litiásica. Posteriormente, os resultados do perfil lipídico revelaram colesterol total 1282mg/dl, HDL 40mg/dl e triglicéridos 6221mg/d, tendo sido reconhecida a dupla etiologia da pancreatite e o principal contributo óbvio da hipertrigliceridemia. Quando aprofundamos os dados clínicos, os xantomas cutâneos percebidos no exame físico, que não foram valorizados inicialmente, sugeriam alteração do metabolismo dos lípidos. Perante o quadro geral, a natureza da hiponatremia tornou-se evidente, sendo o diagnóstico final a pseudohiponatremia. A pancreatite evoluiu sem complicações e sem disfunção orgânica e a doente teve alta após 3 semanas para follow up em consulta de medicina.
A apresentação deste caso pretende alertar para a necessidade de uma abordagem sistemática no estudo das hiponatremias, sabendo que se trata de uma entidade clínica com múltiplas etiologias e nem sempre de possível esclarecimento. Contudo, não devemos esquecer as ´falsas´ hiponatremias, porque a sua presença pode conduzir a uma abordagem terapêutica incorreta.