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PERICARDITE - ANÁLISE DE 5 ANOS
Doenças cardiovasculares - Comunicação
Congresso ID: CO061 - Resumo ID: 459
Hospital Vila franca de Xira
Pedro Custódio, Ana Rita Gomes, Sofia Guerreiro Cruz, Gilda Nunes, José Barata
A pericardite é uma síndrome pericárdica inflamatória que, de acordo com a Sociedade Europeia de Cardiologia, se define pela presença de duas das seguintes características: dor pleuro-pericárdica típica; atrito pericárdico; alterações eletrocardiográficas específicas e derrame pericárdico. O estudo etiológico completo da pericardite é incomum, estando reservado para as pericardites graves. Em termos gerais o tratamento é bem sucedido e o prognóstico é bom para a maioria dos doentes.
Neste trabalho, avaliámos retrospetivamente 40 doentes internados nos Serviços de Medicina Interna e Cardiologia, com o diagnóstico de pericardite, entre 2014 e 2018. O tempo médio de internamento foi de 6,85 dias. Registou-se maior prevalência de casos em doentes do sexo masculino (30), em linha com os dados epidemiológicos europeus. A média e mediana de idade da população analisada foi de 50,4 e 49 anos respetivamente. Na admissão, todos os doentes apresentavam dor torácica, em 25 (62.5%) ocorreu supradesnivelamento generalizado do ST e/ou infradesnivelamento do segmento PR e 21 (52.5%) apresentavam derrame pericárdico. Considerou-se pericardite aguda em 31 doentes, incessante em 4 e recorrente em 5. Do total de doentes, 25 não apresentavam critérios de gravidade major (febre, evolução sub-aguda, derrame pericárdico de grandes dimensões, tamponamento ou falência na resposta à terapêutica anti-inflamatória ao 7º dia de tratamento), 4 doentes apresentavam ≥2 critérios major e 11 apresentavam 1 critério major. Na população estudada, em 12 doentes verificou-se perimiocardite, com envolvimento miocárdico preponderante: troponina superior a 5ng/mL (10), discinesias ecocardiográficas (6), ou estudo por ressonância indicativo de miocardite (11). Deste subgrupo, 5 realizaram estudo angiográfico para exclusão de doença coronária.
Do ponto de vista etiológico, apesar de a maioria dos doentes não ter realizado estudo dirigido, verificou-se a seguinte distribuição: neoplásica (1), doença sistémica auto-imune (2), pós-lesão miocárdica (2), medicamentosa (1), bacteriana (1) e sem motivo identificado (33). Deste último grupo, 10 doentes apresentavam quadro clínico sugestivo de síndrome gripal nas duas semanas precedentes. Dos doentes admitidos com pericardite, 3 desenvolveram tamponamento. Embora se encontre presentemente preconizada a terapêutica adjuvante com colchicina, de modo a melhorar a resposta à aspirina ou ao anti-inflamatório não-esteróide e reduzir as recorrências, somente 28 doentes foram medicados com este fármaco. Não se verificou qualquer óbito, tendo 37 doentes tido alta para o domicílio, 2 sido transferidos para a Cirurgia Cardíaca e 1 para uma Unidade de Hemodinâmica.
A Pericardite apresentou-se como um diagnóstico pouco frequente neste hospital, com uma evolução clínica favorável e sem mortalidade associada para o período estudado.