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UM HOBBY QUE RETIRA O FÔLEGO
Doenças respiratórias - E-Poster
Congresso ID: P816 - Resumo ID: 467
Unidade Local de Saúde de Castelo Branco, Hospital Amato Lusitano
Rita Correia, Pedro Leite Vieira, Fábia Cruz, Sandra Martin, Maria Eugenia André
Introdução: A Pneumonia de Hipersensibilidade é uma síndrome complexa com intensidade, clínica e historia natural muito variável. Resulta de uma inflamação do parênquima pulmonar induzida imunologicamente em indivíduos susceptíveis a um determinado antigénio.
Caso clínico: Homem, 52 anos, autónomo, trabalhador da construção civil e columbófilo há 20 anos. Com historia de 3 anos de evolução de tosse seca e cansaço para esforços superiores ao habitual, com agudização quando frequentava o pombal. Doente trazido ao Serviço de Urgência pela VMER após ter apresentado dispneia severa, calafrios, cefaleias enquanto limpava o pombal.
Negava hábitos tabágicos ou outros consumos. Negava antecedentes de tuberculose, pneumotórax, infecções de repetição, queixas articulares e viagens recentes.
Na observação no SU encontrava-se hipertenso, febril (38.1ºC) que não cedeu a paracetamol. Hipoxemico (Saturação Periférica de O2:80%). Sinais de dificuldade respiratória. Murmúrio vesicular globalmente diminuído, com crepitações dispersas bilateralmente.
Do estudo complementar: Radiografia do tórax com infiltrado nodular intersticial bilaterais. Gasometricamente com insuficiência respiratória tipo 1 (pO2 de 42mmHg em ar ambiente). Analiticamente: leucocitose (14,21 103/L) com neutrofilia (89,1%). Proteína C Reactiva: negativa. Foi assumido Pneumonia Adquirida na Comunidade e internado no serviço de Medicina Interna.
Apesar do inicio de antibioterapia o doente mantinha insuficiência respiratória tipo 1, crepitações bilaterais, neste contexto foi realizado TAC Torácico que relatava áreas de consolidação do parênquima, com broncograma aéreo nos lobos médio e inferior (…) coexiste densificação em vidro despolido, do parênquima nas mesmas localizações.
Neste contexto, foi admitida a hipóteses de Pneumonia de Hipersensibilidade e iniciada corticoterapia (Prednisolona 40mg/dia) com melhoria franca do quadro respiratório, com desmame progressivo da oxigenioterapia.
No seguimento do estudo, culturas da expectoração e hemoculturas sem isolamentos. Antigenios urinários de Pneumococos e Legionela negativos. Serologias para HIV e Hepatites negativas. Antigenio da Chlamydia psittaci negativa. Precipitinas, IgG especifica de pombo positivas (464mg/L, VR <11).
Doente teve alta ao 7º dia de internamento, assintomático.
Reavaliado em consulta externa de Medicina Interna, mantendo evicção de contacto com pombos e sem sintomatologia. Provas de Função Respiratória sem alterações. Murmúrio vesicular mantido e simétrico sem ruídos adventícios. Suspensa corticoterapia.
Discussão: Com este caso pretende-se demonstrar que o diagnostico diferencial de Pneumonia vai muito além das causas infecciosas, tornando a anamnese um ponto fulcral. A história, exame objectivo e estudo complementar cumprem os critérios para o diagnóstico de Pneumonia de hipersensibilidade Aguda, sem progressão actual para cronicidade por remoção da exposição, apresentando desta forma um bom prognóstico.