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MALÁRIA - UMA FEBRE VIAJANTE
Doenças infeciosas e parasitárias - E-Poster
Congresso ID: P542 - Resumo ID: 478
Hospital do Espírito Santo de Évora
Diana Coutinho, Diogo Canudo, Sofia Calaça, Inês Santos, Francisco Rebocho, Graça Tavares, Francisco Azevedo
INTRODUÇÃO: A malária é uma doença potencialmente fatal causada pela infecção pelos protozoários do Plasmodium, transmitidos pelo mosquito Anopheles. Os doentes apresentam sintomas, habitualmente, algumas semanas após a infecção, embora a sintomatologia e o período de incubação possam variar, dependendo dos factores do hospedeiro e das espécies causadoras. A maioria dos doentes com malária não complicada apresenta melhoria clínica e analítica num período de aproximadamente 48 horas após o início do tratamento e apirexia após 96 horas. Mas quais as complicações a que temos que estar atentos e qual o prognóstico? CASO CLÍNICO: Homem, 51 anos, sem antecedentes médicos relevantes, no seu estado habitual de saúde até cerca de 5 dias antes da vinda ao SU, altura em que iniciou quadro de febre (38.5ºC), predomínio nocturno, calafrios e sudorese, astenia, mialgias, mal-estar generalizado, anorexia e náuseas. Quando questionado acerca de contexto epidemiológico, o doente referiu que trabalhava em Angola, encontrando-se de férias em Portugal. Ao exame objectivo, doente prostrado, normotenso, taquicárdico, taquipneico, febril (TT 40.1ºC), hipoglicémico; exame neurológico sumário sem alterações. Analiticamente, com leucopenia, trombocitopenia, PCR aumentada e lesão renal aguda, com creatinina 1.24 mg/dL, sem alterações hepáticas ou iónicas. Urina sumária sem alterações. Hemoculturas negativas. Radiografia de tórax e abdómen sem alterações relevantes. Pesquisa de Plasmodium falciparum positiva, com parasitémia de 3%. Foi iniciada terapêutica com quinina 600 mg de 8/8h e doxiciclina 100 mg de 12/12h. Cumpriu 8 dias de terapêutica. Manteve picos febris nocturnos até ao 5º dia de internamento, com padrão terçã, apresentando, a partir desse dia, apirexia mantida. Parasitémia negativa em sangue periférico à data de alta. Após o quarto dia de antibioterapia, objectivou-se hipoacusia marcada, considerada iatrogénica à terapêutica com quinina, após exclusão de doença orgânica. DISCUSSÃO: A maioria das complicações da malária é causada quando se trata de infecção pelo P. falciparum. A complicação mais temida é a malária cerebral. Contudo, outras podem surgir, sendo as mais frequentes: convulsões; insuficiência renal aguda, em até 30% dos doentes; hipoglicemia. A infecção por P. falciparum tem um mau prognóstico, com elevada taxa de mortalidade se não for tratada, mas com excelente prognóstico se diagnosticada precocemente e tratada adequadamente. Aquando do tratamento da malária, o clínico deve estar alerta para os potenciais efeitos adversos da medicação.