MSD Portugal, CHUC, Coimbra, CHUP, Porto, HBA, Loures, MSD Portugal, MSD international GmbH Singapore, MSD Portugal
Sílvia Alão, Lèlita Santos, Jorge Dores, Francisco Araújo, João Romano, João Conceição, Paula Martins de Jesus
Introdução: A hipoglicemia em doentes diabéticos ocorre geralmente quando existe um desequilíbrio entre a ingestão do agente anti-hiperglicemiante (AAH) e a necessidade fisiológica do corpo, sendo responsável por complicações clínicas e sociais adversas.
Objetivo: Descrever as classes de AAH utilizadas pelos doentes diabéticos hospitalizados por hipoglicemia em Portugal, considerando os dados demográficos dos doentes e o tratamento em ambulatório da diabetes.
Materiais e métodos: Foi realizado um estudo observacional, transversal, multicêntrico (Hipoglicemia em Portugal: Doentes Hospitalizados- HIPOS-WARD) para avaliar doentes adultos com diabetes mellitus (DM) tratados com AAH e hospitalizados devido a uma hipoglicemia. Os AAH foram classificados por classes seguindo uma lista pré-especificada: insulina, secretagogo, não-secretagogo e insulina+secretagogo. Doentes de 18 unidades de medicina interna ou endocrinologia, num total de 16 hospitais, foram recrutados consecutivamente por um período de 21 meses (nov/16-ago/18).
Resultados: Foram admitidos 176 doentes, com idade média de 72 anos, sendo o esquema terapêutico mais frequente a terapia à base de insulina (n = 88;50,0%), seguido do secretagogo (n = 53; 30,1%), insulina+secretagogo (n = 18; 10,2%) e não-secretagogos (n = 17; 9,7%). Os doentes que utilizavam insulina+secretagogo e secretagogo apresentaram uma mediana de idade mais alta que aqueles em terapia não-secretatogos e em insulina (p = 0,0089). Nenhuma diferença foi observada em termos de género dos doentes. Verificou-se, contudo, uma maior proporção de doentes acompanhados nos cuidados primários de saúde tratados com secretagogos (94,3%) e menor em doentes tratados com insulina (45,5%).
Conclusões: Os doentes diabéticos hospitalizados por hipoglicemia encontravam-se principalmente a tomar insulina e/ou secretagogos, o que está associado com o aumento do risco de hipoglicemia descrito para estes fármacos na literatura. Esquemas terapêuticos baseados ou que incluíam secretagogos foram mais comuns em doentes mais velhos e a serem seguidos nos cuidados de saúde primários, representando um possível uso de secretagogos como uma última linha de tratamento ou relacionada à inércia clínica. No entanto, são necessários mais dados para abordar estas diferenças. Considerando a necessidade crucial de minimizar a hipoglicemia, os AAH não-secretagogos mais novos podem ser benéficos nestes doentes, pois estão associados a um menor risco de hipoglicemia, em comparação com agentes mais antigos, como os secretagogos.