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UMA CAUSA INFREQUENTE DE DIARREIA CRÓNICA
Doenças digestivas e pancreáticas - E-Poster
Congresso ID: P239 - Resumo ID: 506
SERVIÇO DE MEDICINA 2, SECTOR B, HOSPITAL DE SANTA MARIA, CENTRO HOSPITALAR UNIVERSITÁRIO LISBOA NORTE, LISBOA, PORTUGAL
Nuno Reis Carreira, Catarina de Sousa Gonçalves, Marisa Teixeira Silva, Rui Victorino
INTRODUÇÃO
Define-se como diarreia crónica (DC) à presença de 3-4 dejecções/dia durante pelo menos 4 semanas. Da vasta lista de etiologias, inclui-se uma etiologia rara e insidiosa, a Colite Microscópica, uma causa de diarreia crónica aquosa, representando 8-16% desses casos, com uma incidência anual de 1-25/100000 casos, sendo mais frequente em indivíduos de meia idade e em mulheres. Normalmente associado a fármacos, pode estar associado a doenças auto-imunes, como doença celíaca, psoríase, tiroidite auto-imune e diabetes mellitus tipo 1.

CASO CLÍNICO
Sexo masculino, 65 anos, autónomo. Admitido por quadro de DC desde há 10 meses, de predomínio nocturno e de carácter intermitente, cólicas e ocasionais rectorragias, com perda ponderal>10% do peso corporal, sem febre e sem contexto epidemiológico relevante. Antecedentes relevantes de doença renal crónica em hemodiálise, doença hemorroidária grau II e status pós colecistectomia laparoscópica por litíase. Efectuou nesse período colonoscopia com evidência de polipose do transverso, descendente e recto, compatível com adenoma tubular; diverticulose sigmoideia. No serviço de urgência apresentava-se desidratado, apirético, com abdómen difusamente doloroso, sem reacção peritoneal. Avaliação laboratorial: anemia normocítica, normocrómica, hiponatrémia, hipocaliémia e gGT: 91U/L. A investigação em internamento excluiu doença infecciosa, síndrome de mal-absorção, endocrinopatia, paraproteinémia, doença celíaca e síndrome de Zollinger-Ellison. Metabolismo do ferro de doença crónica, com elevação da velocidade de sedimentação e calprotectina fecal elevada. Endoscopia digestiva alta sem lesões. Biópsias com gastrite crónica. 1ª colonoscopia sem lesões da mucosa, com patologia hemorroidária. Por persistência da diarreia, foi efectuada rectosigmoidoscopia que revelava normalidade da mucosa do cólon. Biópsias: presença de banda colagénica subepitelial na sigmóide e recto, compatíveis com colite colangenosa. Iniciada messalazina e budesonido, com melhoria do quadro.

DISCUSSÃO
A colite colangenosa representa a forma mais grave de colite microscópica. Destaca-se o facto do estudo etiológico inicial não ter estabelecido um diagnóstico e a presença de mucosa cólica macroscopicamente normal, habitual nestes casos, o que torna difícil a realização de biópsias dirigidas, método que permite fazer o diagnóstico definitivo.