Filipa Lima, Paula Costa, Marisa Rocha, Raquel Senra, Luís Dias
Doente de sexo feminino, 79 anos, com antecedentes de hipertensão arterial, osteoporose e demência de alzheimer. Encaminhada a consulta de Medicina Interna, por presença de imagem hilar esquerda, em radiografia do tórax. Referia quadro de tosse irritativa, intermitente, associada a dispneia para esforços moderados, sem outra sintomatologia acompanhante. Ao exame objetivo sem achados de relevo. Teria realizado ecocardiograma recentemente, em consulta privada, que segundo a doente não teria alterações. Foi pedida tomografia computadorizada (TAC) do tórax que revelou, no mediastino anterior, em contacto com o pericárdio, uma formação de densidade quística com cerca de 87x65mm, de parede fina, a favor de quisto do pericárdio. Doente manteve seguimento em consulta, apresentando estabilidade clínica e imagiológica, no TAC de controlo, aos 12 meses.
Os quistos do pericárdio são raros, representando cerca de 4 a 7% de todas as massas mediastínicas. A sua localização preferencial é no seio costofrénico direito. A maioria dos doentes são assintomáticos podendo, contudo, apresentar dispneia, dor torácica ou tosse. Pouco frequentemente, podem surgir complicações como tamponamento cardíaco, rutura do quisto, insuficiência cardíaca congestiva, obstrução de brônquio principal ou mesmo morte súbita. Muitas vezes o diagnóstico é realizado após achado em radiografia do tórax, sendo a TAC ou ressonância magnética, métodos de grande utilidade. O tratamento passa por excisão cirúrgica ou drenagem percutânea contudo, se os doentes se encontrarem assintomáticos, pode-se optar por vigilância imagiológica, a cada 1 a 2 anos.
Este caso relata um caso raro, embora com crescente número nos últimos anos, atendendo ao maior uso de exames complementares de imagem. O seu diagnóstico assume extrema importância, permitindo a deteção precoce ou mesmo prevenção de complicações potencialmente graves.