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UM DIAGNÓSTICO A FRESCO
Doenças infeciosas e parasitárias - Imagens em Medicina
Congresso ID: IMG067 - Resumo ID: 524
ULSM - Hospital Pedro Hispano
Helena Greenfield, Carolina Paiva, Ana Luísa Marçal, Joana Laranjinha, Frederico Duarte, Sofia Moreira-Silva
Descreve-se o caso de um homem de 51 anos com hábitos toxifílicos ativos, admitido por prostração, cefaleias e febre com 2 meses de evolução. Ao exame físico destaca-se temperatura auricular de 39.5ºC, emagrecimento, depressão do estado de consciência (escala de coma de Glasgow - O3V4M5) e rigidez da nuca. O estudo complementar realizado mostrou anticorpo VIH1/2 positivo com imunodepressão grave associada (63 linfócitos T CD4+/mL). A tomografia computorizada cerebral excluiu lesões agudas, pelo que se efetuou punção lombar com pressão de abertura 29cmH2O, consumo de glicose e proteinorráquia. O exame a fresco permitiu visualizar fungos leveduriformes e apresentação em halo na coloração com tinta da china [figura]; o antigénio criptocócico sérico foi positivo. Diagnosticada assim criptococose disseminada e iniciada terapêutica com anfotericina B e flucitosina durante 4 semanas, seguidas de terapêutica de consolidação com fluconazol. Orientado para consulta onde iniciou terapêutica anti-retrovírica. Após três meses, com supressão vírica, recuperação da imunidade celular e negativação do antigénio criptocócico.
Descreve-se um diagnóstico raro na prática clínica atual, devido à implementação de medidas alargadas de rastreio e tratamento da infeção por VIH. A criptococose em doentes com VIH está habitualmente associada a imunossupressão grave (tipicamente linfócitos T CD4<100/mL), sendo a disseminação hematogénea comum e o envolvimento do sistema nervoso central (SNC) a apresentação mais frequente (80%), sendo obrigatório a realização de punção lombar em todos os casos de suspeita desta etiologia. O caso descrito traduz uma rápida cadeia de diagnóstico e implementação farmacológica em equipa multidisciplinar, ideal para o sucesso terapêutico e follow-up destes doentes. Apresentamos esta imagem para relembrar a possibilidade de efetuar um diagnóstico imediato através de uma técnica acessível e por vezes esquecida, nomeadamente a coloração com tinta-da-china.