23

24

25

26
 
PILEFLEBITE: QUANDO A INFEÇÃO CURSA COM TROMBOFLEBITE - UMA ETIOLOGIA RARA DE TROMBOSE DA PORTA
Doenças infeciosas e parasitárias - Caso Clínico
Congresso ID: CC061 - Resumo ID: 546
Centro Hospitalar Tâmega e Sousa; Serviço de Medicina Interna
Margarida Silva Cruz, Lígia Rodrigues dos Santos, Catarina Couto, Gisela Evaristo Vasconcelos, Mariana da Cruz, Nuno Zarcos Palma, Vera Ferraz Moreira; Mari Mesquita
Introdução: A pileflebite carateriza-se por um quadro de trombose da veia porta ou dos seus afluentes, com processo supurativo associado, que surge na decorrência de um processo infecioso intra-abdominal. Constitui uma complicação rara e a sua etiologia é habitualmente polimicrobiana. Dada a sua apresentação clínica inespecífica, o diagnóstico é muitas vezes tardio o que agrava o prognóstico.

Caso Clinico: Homem, 60 anos, antecedentes de hipertensão arterial, dislipidemia, trombose do seio venoso lateral esquerdo em 2012, tendo nessa altura efetuado estudo a revelar homozigotia para MTHFRc/298 e homocisteinemia acima dos valores normais, tendo tido indicação para terapêutica com ácido fólico e acido acetilsalicílico, que se encontrava a cumprir. Recorreu ao serviço de urgência por quadro de dor abdominal nos quadrantes superiores e febre, realizou TC abdominopelvico a mostar trombose venosa aguda difusa do eixo da veia porta e seu ramo principal esquerdo, da veia mesentérica superior e da veia esplênica associada a densificação da gordura peripancreática e da gordura da raíz do mesentério, bem como das fáscias retroperitoneais com lâmina de líquido que se estende à goteira parietocólica direita e diverticulose sigmoideia. Analiticamente com trombocitose ligeira, PCR elevada (351,2mg/dL), bilirrubina total, GGT e enzimas hepáticas ligeiramente aumentadas. Amílase e lípase normais. Internado sob HBPM em dose terapêutica, tendo sido assumido o diagnóstico de pileflebite, tendo-se iniciado antibioterapia com piperacilina/tazobactam. Para esclarecimento etiológico realizou colangioRMN que revelou ligeira proeminência da veia porta com a presença de trombo endoluminal, que se prolongava até ao segmento proximal da veia mesentérica superior e também para a veia esplénica, ausência de alterações a nível pancreáticas e pequena lâmina de ascite perihepática e peri-esplénica. Do restante estudo efetuado VDRL, CMV, VHB, VHC e HIV negativos, autoimunidade negativa e microbiologias negativas. Evoluiu com apirexia sustentada, resolução da sintomatologia e regressão dos parâmetros inflamatórios sistémicos pelo que foi escalada antibioterapia para metronidazol e levofloxacina que cumpriu ate completar quatro semanas de tratamento. Dado ser o segundo evento trombótico decidiu-se manter hipocoagulação, tendo sido iniciado antagonista da vitamina K.

Discussão: Com este trabalho os autores pretendem alertar para esta entidade enquanto causa etiológica possível num quadro séptico com trombose da porta, contribuindo para o seu reconhecimento, acelerando o diagnóstico e o início precoce da terapêutica.