23

24

25

26
 
ABCESSO RENAL - HIDDEN IN PLAIN SIGHT
Doenças Renais - Imagens em Medicina
Congresso ID: IMG074 - Resumo ID: 549
Hospital de Vila Franca de Xira
Pedro Madeira Marques, Rita Tourais Martins, Alexandra Paula, Eduardo Doutel Haghighi, José Barata
Doente de 67 anos, sexo feminino, com antecedentes de demência vascular AVC isquémico e diabetes mellitus tipo 2 não insulinotratada, medicada habitualmente com clopidogrel, encaminhada ao Serviço de Urgência do nosso hospital por astenia, náuseas e vómitos. Ao exame objectivo normotensa, taquicárdica, apirética, sem outras alterações. Analiticamente com hiperlactacidemia, anemia, leucocitose com neutrofilia, PCR elevada, híperglicemia e lesão renal aguda. Exame sumário da urina com leucocituria. Isolada em urocultura escherichia coli multissensivel e iniciada amoxicilina 1g de 8/8h. Para exclusão de infecção urinária complicada e por dor a nível do flanco direito de novo, foram pedidas, primeiro ecografia renal e abdominal, e depois tomografia computorizada abdominal que revelaram a presença de volumosos abcessos confluentes, com provável ponto de partida renal, multi loculados, com cerca de 15cms, ocupando todo o espaço hepatorenal, estendendo-se até à cavidade pélvica, sendo que, nessa localização, a maior massa atingia 19cms. Estendiam-se ainda para a região peripancreática, condicionando compressão da via biliar no hilo. Visualizavam-se ainda múltiplos cálculos coraliformes no rim direito, associado a atrofia marcada do parênquima renal direito. Presença ainda de coleções dispersas no tecido adiposo. Iniciou drenagem percutânea do abcesso, tendo sido isolado Proteus mirabilis multissensivel, e iniciada ampicilina, sem melhoria significativa, com necessidade de drenagem cirúrgica. Melhoria clínica progressiva, com alta orientada para a consulta externa de urologia para eventual nefrectomia direita.
Este caso exemplificativo alerta-nos para o facto de situações que inicialmente parecem banais poderem esconder por trás uma patologia bem mais grave e complexa, neste caso de provável caracter crónico, exigindo uma mente organizada e aberta por parte do internista para poder fazer o diagnóstico correcto.