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MENINGITE POR LISTERIA MONOCYTOGENS – IDADE COMO FACTOR DE RISCO ISOLADO
Doenças infeciosas e parasitárias - Poster com Apresentação
Congresso ID: PO042 - Resumo ID: 566
CHUC - Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
Ana Martinho, Marisa Miranda, Ana Catarino, Vera Ferreira, Emília Trigo, Paulo Martins
Introdução: A Listeria monocytogens é um bacilo gram positivo, com capacidade de provocar doença invasiva, sobretudo em indivíduos nos extremos da idade (recém nascidos e idosos), imunocomprometidos e grávidas. Acredita-se que a principal fonte de transmissão seja o consumo de comida contaminada. Embora pouco frequente a meningoencefalite é a manifestação mais comum de listeriose invasiva. As manifestações clínicas de meningite por Listeria monocytogens não diferem das meningites bacterianas por outras identidades mas os sinais de irritação meníngea podem estar ausentes.
Caso clínico: Os autores apresentam um caso clínico de uma doente do sexo feminino, 69 anos, trazida ao Serviço de Urgência após ter sido encontrada caída em casa, sem memória para o evento. A doente apresentou-se com história de cefaleias frontais intensas, foto e fonofobia, náuseas e vómitos com alguns dias de evolução. Como antecedentes pessoais relevantes tinha hipotiroidismo, hipertensão arterial, dislipidemia e síndrome depressivo para os quais se encontrava medicada com levotiroxina, perindopril, aspirina e dosulepina. Sem antecedentes familiares relevantes. Ao exame físico, encontrava-se hemodinamicamente estável, febril (temperatura axilar 40ºC), com rigidez da nuca e sem exantemas. Analiticamente com aumento dos parâmetros inflamatórios (leucocitose de 12400/μL e proteína C reativa 33mg/dL), função renal e hepática sem alterações. Na sequência dos achados clínicos e analíticos, realizou TC-CE que revelou hipodensidade cortical e periventricular bilateral (áreas de gliose ou isquémia), sistema ventricular de dimensões normais, com manutenção da permeabilidade das cisternas da base. Realizou punção lombar que revelou um líquido cefalorraquídeo turvo com gotejar rápido; a sua análise evidenciou 89 leucócitos/mm3 com predomínio de polimorfonucleares, proteínas de 504mg/dL e 373 eritrócitos/mm3 . Iniciou antibioterapia empirica com Ceftriaxone, Ampicilina, Aciclovir e corticoterapia. Por ausência de melhoria clínica, episódios críticos, alteração do estado de consciência e depressão respiratória foi transferida para a Unidade de Cuidados Intensivos, onde foi entubada e ventilada. O multitest e a cultura do líquido cefalorraquídeo positivaram para Listeria monocytogenes, assim como as hemoculturas, pelo que a antibioterapia foi ajustada de acordo com os achados, e iniciou Ampicilina, Gentamicina e Dexametasona. Após ajuste terapêutico verificou-se boa evolução clínica e analítica, apesar de encefalopatia de grau II (EEG), medicada com Levetiracetam.
Discussão: Este caso evidencia uma causa pouco frequente de meningite e em que o único factor de risco apurado foi a idade. O desafio nestes casos, é a identificação do agente etiológico, uma vez que o crescimento é lento, atrasando assim a positividade das culturas e a terapêutica apropriada. Para uma deteção mais célere é apropriado recorrer à deteção do genoma dos agentes microbianos por PCR – polymerase chain reaction.