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JÁ DIZIA LEMIÉRRE... UM CASO CLÍNICO.
Doenças infeciosas e parasitárias - Caso Clínico
Congresso ID: CC044 - Resumo ID: 581
Hospital Garcia de Orta
Joana Correia Lopes, Andreia Basílio, Mário Amaro
Introdução: A Síndrome de Lemiérre é caracterizada por trombose da veia jugular interna na sequência de infecção faríngea recente. Afecta jovens adultos previamente saudáveis de ambos os sexos, com maior incidência ente os 15 e os 24 anos. O microrganismo mais frequentemente envolvido é o Fusobacterium necrophorum.
Caso Clínico: Apresentamos o caso de uma doente do sexo feminino, 24 anos, com antecedentes pessoais de asma e enxaqueca que recorreu ao Serviço de Urgência (SU) por febre e odinofagia, tendo sido diagnosticada e medicada amigdalite não complicada com penicilina intra-muscular. Por manutenção da febre, mal estar generalizado, odinofagia e dispneia, recorreu novamente ao SU três dias depois. Foi internada e iniciou empiricamente amoxicilina-ácido clavulânico e claritromicina. Ao terceiro dia de internamento detectou-se uma tumefacção cervical direita, que se verificou imagiologicamente corresponder a trombose da veia comunicante direita e de uma veia tributária proximal, provável complicação de abcesso periamigdalino homolateral. Por surgimento de parestesias, a doente fez Angio-TC que mostrou extensão do trombo à veia jugular interna e presença de vários nódulos em ambos os campos pulmonares, prováveis êmbolos sépticos.
Discussão: Apesar de não ter uma definição estrita, esta síndrome deve ser considerada em doentes com 4 condições: história recente de faringite, febre persistente apesar de antibioterapia, trombose da veia jugular interna e êmbolos sépticos pulmonares. O diagnóstico é clínico mas assenta muitas vezes em estudos de imagem sendo a Tomografia Computorizada o estudo mais útil, devendo ser extendida ao tórax pela elevada frequência de envolvimento pulmonar. O tratamento consiste em antibioterapia de largo espectro para anaeróbios gram negativos produtores de beta-lactamases, não havendo nenhum esquema terapêutico definido. O início de terapêutica anti-coagulante é controverso uma vez que a formação de trombo é secundária a inflamação, podendo não haver risco aumentado de trombose uma vez resolvida a infecção.