Catarina Pires, Afonso Rodrigues, Ana Galrinho, Luísa Branco, Patrícia Cachado, Teresa Garcia, António Sousa Guerreiro
Introdução: O tromboembolismo pulmonar (TEP) continua a ser uma patologia muito frequente, tanto em doentes ambulatórios como em doentes pós-operatórios ou com internamentos prolongados. A variedade de apresentações clínicas desta patologia torna este um diagnóstico desafiante tanto no serviço de urgência (SU) como no quotidiano da enfermaria. Sendo o angioTC o exame por excelência para o diagnóstico do TEP, o ecocardiograma transtorácico é um bom auxiliar diagnóstico principalmente na primeira abordagem do doente, à cabeceira, quando esta hipótese é colocada.
Caso clínico: O primeiro caso refere-se ao de uma doente de 80 anos, com clínica arrastada de dispneia (4 meses) e agravamento nas 24 horas prévias à ida ao SU. Apresentava um D-dímero elevado (2465,0 μg/L) pelo que se admitiu o diagnóstico de TEP. Não realizou angioTC. Na enfermaria, dada o agravamento do ponto de vista respiratório e perfil hipotensivo, realizou ecocardiograma transtorácico à cabeceira onde se evidenciou massa auricular direita, que se admitiu como trombo, sendo a doente submetida a trombólise com resolução do quadro clínico. No segundo caso descreve-se um doente de 80 anos, com internamento por rotura de aneurisma da aorta abdominal submetido a cirurgia de reparação endovascular (EVAR – Endovascular Aneurysm Repair). Após resolução deste quadro, enquanto aguardava alta na enfermaria sob heparina de baixo peso molecular em dose profilática e já deambulando, apresentou quadro súbito de dispneia com evolução em choque obstrutivo. Ecocardiograma à cabeceira mostrou sinais indiretos de TEP pelo que realizou trombólise com boa evolução.
Discussão: Estes dois casos ilustram bem a multiplicidade de apresentações clínicas do TEP. No primeiro caso, a clínica arrastada de dispneia sugeria TEP crónico, objetivando-se no internamento mais um episódio de TEP com um trombo na aurícula direita. No segundo caso, descreve-se o TEP na sua apresentação clínica mais grave, após cirurgia vascular major. Em ambos os casos o ecocardiograma à cabeceira teve um papel essencial no diagnóstico e na decisão de avançar para a terapêutica trombolítica em tempo útil e com maior segurança. O diagnóstico e tratamento atempados do TEP são essenciais, sendo cada vez mais necessária a formação dos profissionais de saúde para esta patologia que tenham experiência no seu diagnóstico e no seu tratamento.