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ETIOLOGIA INVULGAR PARA UMA MASSA PULMONAR
Doenças respiratórias - E-Poster
Congresso ID: P835 - Resumo ID: 586
Serviço de Medicina 2 - Hospital Santo André (Centro Hospitalar de Leiria)
Margarida Cabral, Beatriz Câmara, Flávia Santos, Maria Jesus Banza, Fernando Mota Tavares, Célio Fernandes
A presença de opacidades pulmonares associada a clínica respiratória rapidamente progressiva pode ser um desafio diagnóstico complexo. O rol de diagnósticos diferenciais pode incluir desde processos inflamatórios a neoproliferativos.
Os autores apresentam o caso de uma mulher de 57 anos, sem antecedentes pessoais de relevo, não fumadora, enviada ao Serviço de Urgência por um quadro de tosse seca irritativa, toracalgia e pieira, com cerca de um mês de evolução. Concomitantemente apresentava picos febris de predomínio vespertino, que cediam a antipiréticos, e um episódio de hemoptises. No inicio do quadro, recorreu duas vezes ao médico assistente, tendo cumprido dois ciclos de antibioterapia, sem melhoria. A radiografia de tórax inicial mostrava “opacidade arredondada ao nível do andar médio do hemitórax esquerdo sugestiva de processo inflamatório/lesão ocupante de espaço”.
À admissão, apresentava-se apirética, eupneica em ar ambiente, com murmúrio vesicular mantido e simétrico, com sibilância sobretudo à esquerda. Sem outros achados de relevo ao exame objetivo. Dos exames complementares de diagnóstico, destaca-se permanência de opacidade na radiografia de tórax, com extensão aos 2/3 inferiores do hemotórax esquerdo, e, analiticamente, ligeira elevação dos parâmetros inflamatórios, com antigenúrias para Streptococcus pneumoniae e Legionella pneumophila negativas. Neste contexto, iniciou antibioterapia e foi internada.
Durante o internamento manteve-se clinicamente estável, com alguns picos febris isolados, e sem necessidade de oxigenoterapia. Para esclarecimento do quadro supracitado, foi realizada tomografia computorizada (TC) de tórax que demonstrou volumosa formação tumoral no segmento ápico-posterior do lobo superior esquerdo, com cerca de 83 mm de maior eixo, contornos lobulados, contactando a pleura mediastínica e parietal, e obliterando o brônquio lobar superior homolateral, sugestivo de neoplasia.
Atendendo aos resultados obtidos, o caso foi discutido com a Pneumologia, que realizou broncofibroscopia e broncoscopia rígida, confirmando a suspeita. O resultado anatomopatológico e imunocitoquimico da peça histológica levantou a hipótese diagnóstica de sarcoma.
Neste sentido, foi agendada consulta de Pneumologia Oncológica e solicitado estudo complementar de estadiamento. A doente teve alta hemodinamicamente estável, apirética e com boas saturações periféricas de oxigénio em ar ambiente.
Existem diversas condições benignas com afeção pulmonar que se apresentam como suspeita de neoplasia, sendo a patologia infeciosa a mais frequente. Contudo, apesar de menos comum, o contrário também se verifica. No caso apresentado, um quadro sugestivo de infeção respiratória veio a revelar a existência de uma condição maligna subjacente. Os sarcomas primários do pulmão são neoplasias raras e potencialmente agressivas, cuja distinção de outras neoplasias e comportamento biológico permanece pouco esclarecido.