ACERCA DE 2 CASOS DE ESPONDILODISCITE
Doenças infeciosas e parasitárias - E-Poster
Congresso ID: P428 - Resumo ID: 588
Unidade Funcional de Medicina 4 - Hospital de Santa Marta - Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central
Catarina Pires, José Sousa, Carlos Figueiredo, Bruno Mendes, Sara Amaral, Sara Pinheiro, Afonso Rodrigues, Patrícia Cachado, Teresa Garcia, António Sousa Guerreiro
Introdução: A infeção dos discos intervertebrais e estruturas adjacentes continua a ser um problema comum na prática clínica, pela elevada frequência de procedimentos cirúrgicos e médicos invasivos, assim como pela idade avançada e comorbilidades dos doentes.
Caso clínico: Apresentam-se dois casos de espondilodiscite em doentes sujeitos a procedimentos invasivos. O primeiro caso refere-se a um doente de 81 anos, submetido eletivamente a cateterização coronária após 3 dias de internamento. Nas 24 horas seguintes ao procedimento inicia quadro de febre com calafrio e lombalgia. A RMN da coluna lombar revelou aspetos de espondilodiscite de L5-S1 com abcesso epidural e o ecocardiograma transesofágico mostrou endocardite da válvula aórtica; foi isolado Staphylococcus aureus meticilina-sensível em 2 hemoculturas. O segundo caso é o de um doente de 70 anos submetido a excisão de um lipoma da parede abdominal sob raquianestesia, que 2 meses depois inicia quadro de dorsalgia refratária à analgesia e subida de parâmetros inflamatórios. Exame de imagem revelou massa com densidade de partes moles entre D9-D10. Foi posta a hipótese de espondilodiscite e feita biópsia do disco intervertebral onde se isolou Staphylococcus aureus meticilina-sensível. Todas as hemoculturas foram negativas. Ambos os doentes tiveram internamentos prolongados em que cumpriram ciclo de antibioterapia dirigida, com melhoria das queixas álgicas e reabilitação motora.
Discussão: Os dois casos apresentados ilustram a realidade das enfermarias de medicina interna. O primeiro caso é dos mais frequentemente encontrados, com evidência de bacteriémia em hemoculturas e fixação do microrganismo em estruturas valvulares assim como ósseas e ligamentares. O segundo caso é menos frequente, não só pela diferença temporal entre o procedimento cirúrgico e o quadro clínico, mas também por nunca se ter objetivado bacteriémia nem quadro clínico que a sugerisse. Os casos de espondilodiscite após analgesia loco regional são raros, mas têm-se tornado mais frequentes devido ao maior uso desta técnica anestésica. Importa realçar que esta é uma patologia que geralmente implica um internamento prolongado para realização de antibioterapia endovenosa assim como para reabilitação. Estes doentes implicam um seguimento a médio-longo prazo em ambulatório para reavaliação imagiológica e clínica.