HEMIBALISMO-HEMICOREIA COMO APRESENTAÇÃO DE ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL ISQUÉMICO
Doenças cérebro-vasculares e neurológicas - E-Poster
Congresso ID: P667 - Resumo ID: 606
Medicina Interna, ULSAM - Viana do Castelo, Portugal
José Costa Carvalho, Joana Couto, Carlos Ribeiro, Diana Guerra, Carmélia Rodrigues
Introdução:
Hemibalismo-Hemicoreia é uma desordem involuntária hipercinética do movimento pouco comum após um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Existem poucos estudos a caracterizar a incidência, mas um estudo sul-coreano analisou 5009 casos de AVC consecutivos dos quais apenas 27 tinham como apresentação clínica esta desordem do movimento (0,54%). As regiões mais comummente afectadas são o núcleo caudado, subtalâmico e os núcleos da base.
Caso clínico:
Homem de 74 anos com antecedentes de tabagismo (64 unidades maço ano) e bronquite crónica, recorreu ao serviço de urgência por movimentos involuntários do membro superior esquerdo e oromandibulares esquerdos com 1 semana de evolução. À avaliação objectiva verificados movimentos rápidos, não rítmicos, com arremesso do braço esquerdo e movimentos espasmódicos dos músculos distais do membro superior esquerdo. Também verificados movimentos oromandibulares esquerdos, espasmódicos e não rítmicos. Verificado ainda hipostesia álgica do hemicorpo esquerdo.
Perante a suspeita de AVC, solicitada tomografia computorizada crânio-encefálica que descreveu atrofia difusa de acordo com a idade, sem outras alterações.
Presumiu-se AVC e ficou internado para tratamento e continuação de estudo. Iniciou haloperidol para controlo dos sintomas hipercinéticos com excelente resposta clínica. Solicitada ressonância magnética crânio-encefálica para melhor caracterização da região dos núcleos da base que foi realizada 15 dias após início dos sintomas e que descreveu lesão isquémica na cabeça do núcleo caudado direito sendo considerada como provável causa dos sintomas.
Teve alta com medicação antiagregante, antidislipidémica e mantendo haloperidol orientado para a consulta externa.
Discussão:
Trata-se de um caso interessante e pouco comum, no entanto, apesar de raro, pode ser o principal sintoma de um AVC e o atraso ou falha em reconhecer e identificar o diagnóstico pode ter consequências graves.
Saliento também a dificuldade em ter acesso rápido à realização de ressonância magnética na maioria dos hospitais portugueses que numa lesão habitualmente localizada na região dos núcleos da base pode atrasar o diagnóstico pela baixa sensibilidade da tomografia computorizada.