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UM CASO DE DIPLOPIA
Doenças cérebro-vasculares e neurológicas - E-Poster
Congresso ID: P668 - Resumo ID: 609
Hospital Distrital da Figueira da Foz, E.P.E
Marisa Rosete, Margarida Gaudêncio, Filipa Batista, Rui Ferreita, Susana Magalhães, Fernando Ferraz e Sousa, Amélia Pereira
Doente do sexo masculino de 70 anos de idade, referenciado para a consulta de Medicina Interna por diplopia com 2 meses de evolução. O doente referia já ter sido observado pela Oftalmologia mas sem resolução do quadro. Como antecedentes pessoais o doente apresentava hipertensão arterial, estenose da válvula aórtica, dislipidémia e obesidade. Estava medicado com Furosemida 40mg, Lisinopril 20mg, Amlodipina 10mg, Sinvastatina 40mg + Ezetimiba 10mg e Citalopram 20mg. Ao exame objectivo o doente apresentava peso de 109.5kg, altura 162cm, IMC 41.7kg/m2, tensão arterial de 138/79mmHg, a auscultação cardíaca era rítmica com sopro sistólico aórtico grau II/VI e apresentava ainda edemas a nível dos membros inferiores bilateralmente com sinal de godet positivo. Ao exame neurológico havia assimetria das fendas palpebrais, apresentando uma proptose discreta à esquerda e diplopia nos olhares conjugados, lateral para esquerda e vertical para cima, para fora e para dentro. Foi enviado ao serviço de urgência onde efecutou uma tomografia axial computorizada que mostrou “discreta hipertrofia dos músculos oculares a nível da orbita esquerda” e foi pedido consulta de Neurologia. Laboratorialmente destaca-se a negatividade para anti-double stranded DNA antibody (anti-dsDNA), anticorpos anti-Nucleares (ANA), thyrotropin receptor antibodies (TRAbs), anticopros anti-receptores da acetilcolina, serologias para borrelia, serologias para herpes simplex e varicela zóster. Efectuou-se ressonância magnética (RNM) das orbitas para descartar possível meningioma da bainha do nervo óptico, a qual revelou “inflamação/miosite aparente do músculo reto inferior esquerdo, e em menor grau do músculo reto medial ipsilateral. O doente foi medicado com Prednisolona 20mg e referenciado para as consultas de Neurocirurgia e Fisiatria.
Conclusão: A miosite orbitária caracteriza -se por um processo inflamatório, de etiologia desconhecida, que pode atingir qualquer estrutura da órbita e cujo diagnóstico e tratamento atempado são fundamentais. A RNM da órbita é o exame de imagem mais sensível. O seu diagnóstico é feito após exclusão de causas secundárias. A primeira linha de tratamento é a corticoterapia, mas nos casos refractários a utilização de fármacos imunossupressores poderá estar indicada.