23

24

25

26
 
E SE NÃO FOR UMA CARCINOMATOSE PERITONEAL
Doenças infeciosas e parasitárias - Caso Clínico
Congresso ID: CC081 - Resumo ID: 620
Hospital Distrital da Figueira da Foz, E.P.E. e Instituto Português de Oncologia de Coimbra - Francisco Gentil E.P.e
Marisa Rosete, Marta Amaral Silva, Ana Rita Tomás, Élio Rodrigues, Rui Silva, Isabel Ferrão, Óscar Vilão
Doente do sexo masculino de 80 anos de idade, que iniciou quadro de aumento de volume abdominal, anorexia, astenia, emagrecimento de 4kg num mês e sudorese nocturna com 3 meses de evolução. O doente foi referenciado pelo médico de família para a consulta de Oncologia médica e Cirurgia após ter realizado Ecografia abdominal que revelou ”Ascite e espessamento do epiplon gastrocólico, sendo a hipótese mais provável para a ascite é ter origem neoplásica” e Tomografia axial computorizada tóraco-abdomino-pélvica que revelou “adenopatia aorto-pulmonar medindo 10mm, adenopatia na loca de Barety medindo 10mm, adenopatia pericentrimétrica no hilo esquerdo e direito, na válvula ileocecal observa se uma formação lobulada de 45mm de valorização duvidosa e espessamento do peritoneu com densificação difusa do grande epiplon sugestiva de carcinomatose peritoneal”. O doente foi submetido a laparotomia diagnóstica tendo as biopsias das massas peritoneais e citologia do liquido ascítico sido negativas para células neoplásicas, o exame histológico do retalho do epiplon revelou doença granulomatosa não necrotizante e o exame direto foi negativo para a presença de micobactérias. Foi ainda submetido a toracocentese evacuadora e diagnóstica, sem evidência de células neoplásicas. O doente foi então encaminhado para a consulta de Medicina Interna para estudo complementar. Foi pedida uma Tomografia por emissão de positrões que relatava” extensa densificação da gordura peritoneal com múltiplos espessamentos e derrame pleural associado a formações ganglionares mediastino-hilares bilateralmente com captação aumentada de fluorodesoxiglucose “. Da investigação laboratorial salienta-se “interferon gamma release assays” (IGRA) positivo, solicitou-se cultura da biopsia do peritoneu para Mycobacterium tuberculosis que foi também positiva. O doente foi encaminhado para consulta de especialidade no Centro de Diagnostico Pneumológico de Coimbra e encontra-se a realizar terapêutica tuberculostática.
Conclusão: A tuberculose peritoneal apresenta altas taxas de morbimortalidade e o prognóstico dos pacientes depende do diagnóstico precoce. Este é um desafio tendo em conta, os sinais e sintomas inespecíficos, que mimetizam outras doenças abdominais, a falta de testes com alto valor preditivo e a natureza paucibacilar da doença, muitas vezes com necessidade de diagnóstico histológico e bacteriológico através de biópsias do peritoneu.