Maria João Tavares, Mariana Formigo, Filipa Gonçalves, Magda Fernandes, Jorge Cotter
Mulher de 49 anos de idade, caucasiana, referenciada à Consulta Externa de Medicina Interna por astenia, tremor distal incapacitante, com seis meses de evolução. Referiu ainda, que em controlo analítico de rotina, apresentava glicemias baixas em jejum. Referiu também perda ponderal voluntária, de cerca de 7% do peso corporal, em 6 meses (no entanto referia dieta variada e fraccionada com evicção de alimentos altamente calóricos). Negou náuseas ou vómitos. Não apresentava outras queixas dignas de destaque. Sem antecedentes pessoais de relevo. Sem medicação habitual.
Na primeira avaliação, encontrava-se hemodinamicamente estável, apirética, glicemia ocasional de 86mg/dL e peso corporal de 58Kg (IMC 24). Fornecido glucómetro para avaliação de glicemias em ambulatório. Em segunda avaliação, manteve peso corporal. Analiticamente apresentava glicemia em jejum de 42mg/dL, HbA1c de 4,2%, função tiroideia normal, sem défices vitamínicos. A avaliação de glicemias de ambulatório, demonstrava persistentemente hipoglicemias em jejum (valor mínimo de 31mg/dL).
Decidido internamento para estudo e vigilância clínica. Do estudo realizado em internamento, destacava-se, doseamento de insulina e peptídeo C compatíveis com hiperinsulinismo; a tomografia computorizada abdominal revelava “.na região da cauda do pâncreas .. lesão com 20mm de maior diâmetro”. Realizou tomografia com emissão de positrões Ga-DOTA-NOC, que não demonstrou evidência de qualquer foco de captação anómala”. Perante a suspeita clínica elevada de tumor neuroendócrino, foi discutido caso clínico com Cirurgia Geral, tendo-se decidido realizar pancreatectomia caudal laparoscópica. O resultado histológico da peça cirúrgica, foi compatível com processo neoplásico neuroendócrino bem diferenciado, com caraterísticas de tumor neuroendócrino de grau 2 do pâncreas (NET G2), consistente com tumor funcionante produtor de insulina/insulinoma.”
A doente foi referenciada para o IPO, onde mantém seguimento, com boa evolução clínica e sem evidência de recidiva da lesão/metastização.