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DECISÃO DE NÃO REANIMAR E LIMITAÇÃO DO ESFORÇO TERAPÊUTICO NUM SERVIÇO DE MEDICINA INTERNA
Cuidados paliativos - Comunicação
Congresso ID: CO048 - Resumo ID: 631
Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro
Catarina Carvalho, André Maia, José Eira, Paula Marques
Introdução: O estabelecimento de decisões de fim de vida, nomeadamente a decisão de não tentar reanimar (DNAR), de suspensão (withold) e/ou abstenção terapêutica (withdraw), é hoje prática corrente em todo o mundo ocidental, inserindo-se no conceito de limitação do esforço terapêutico (LET). No entanto, nem sempre estas intervenções são claras e consensuais, sendo por isso merecedoras de reflexão.

Objetivos: Esclarecer o conceito de LET. Analisar as características epidemiológicas dos doentes assumidos para limitação do esforço terapêutico num serviço de Medicina Interna.

Métodos: Estudo observacional, descritivo e retrospetivo conduzido num serviço de Medicina Interna de Janeiro a Setembro de 2018. Foram recolhidas e estudadas as características epidemiológicas e atitudes tomadas em 311 doentes divididos em dois grupos: 223 doentes com indicação de decisão de não reanimar (grupo DNR) e 88 doentes sem essa indicação (grupo controlo).

Resultados: No grupo DNR, 48,4% (108) eram homens, idade mediana de 86 anos (80-91), duração mediana de internamento de 11 dias (7-20), tendo ocorrido 48,9% (109) de óbitos. O grupo controlo, com 45,5% (40) homens, apresentava idade mediana de 83 anos (76-91) e duração mediana de internamento de 7 dias (5-10), com 17% (15) de óbitos registados. No grupo DNR, 89,2% (199) dos casos apresentavam uma dependência parcial a total para as atividades da vida diária (AVD), 11 % (5) residiam sozinhos, 47,1% (105) com familiares, 36,2% (81) estavam institucionalizados, no grupo controlo apenas 14,8 % (13) estavam institucionalizados. Em 62.2% (138) existia demência moderada a severa, já no grupo controlo verificava-se em 28,7% (25) dos casos. O principal diagnóstico de admissão em ambos os grupos foi a doença respiratória em 33,6% (75) e 20,5% (18), grupo DNAR e controlo, respetivamente. A duração mediana para assumir a decisão de DNAR foi de 2 dias (1-6) e desde a decisão até ao desfecho de morte verificou-se uma mediana de 7 dias (3-12).
Como atitude de LET, as medidas de conforto foram aplicadas em 37,2% dos casos, sendo a principal ação o controlo da dor (49,3%), seguida pela suspensão de medidas de monitorização (14,6%) e pedido de apoio aos cuidados paliativos (13,2 %).
Em 18.6% da amostra verificou-se terapêutica desproporcionada: manutenção de abordagem terapêutica com intenções curativas (11.2%) e manutenção de investigação diagnóstica em situação de fim de vida (7.4%).
Através de regressão logística observou-se que a existência de vida de relação (OR=0,314; p=0,016) e independência nas AVD (OR=0,242; p=0,032) associaram-se a menor tomada de decisão de DNAR, já a presença de caquexia (OR=3,627; p=0,007) associa-se fortemente a uma tomada de decisão.

Conclusão: É fundamental determinar os objetivos de cuidados aos doentes pelas características que estes apresentam, sendo para isso necessárias linhas orientadoras que uniformizem critérios de decisão de atuação