Carla Marques Pires, Maria João Araújo, George Chiriac, Rosa Carvalho, Catarina Lacerda
INTRODUÇÃO:
Homem de 24 anos admitido no Serviço de urgência por via verde coronária com queixas de toracalgia no hemitoráx esquerdo com irradiação interescapular, de carácter opressivo, de intensidade 8/10, com 30 minutos de evolução, desencadeada após discussão com ex-mulher. Realizou uma eletrocardiografia nos primeiros 10 minutos que evidenciou um ritmo sinusal, sem alterações do segmento ST-T. Como antecedentes destaca-se perturbação de ansiedade, hábitos tabágicos ativos com cerca de 15 UMA e episódio de pneumotorax espontâneo primário há 2 anos. Durante a avaliação inicial o doente encontrava-se normotenso, normocárdico, taquipneico e com saturações de oxigénio em ar ambiente de 91%. Em acréscimo, apresentava traqueia em posição medial, hiperressonância à precursão e ausência de murmúrio vesicular no hemitoráx esquerdo. Neste contexto, o doente realizou uma radiografia do tórax que evidenciou um pneumotórax de elevado volume à esquerda com desvio do mediastino. Assim, iniciou oxigenoterapia e introduziu um dreno torácico no 5º espaço intercostal linha médio-axilar.
Este caso exemplifica uma falha da triagem, que não valorizou o contexto individual da toracalgia, que ocorria num jovem com história recente de pneumotórax espontâneo primário. Sendo um exemplo das múltiplas ativações desnecessárias da via verde coronária.