23

24

25

26
 
A REALIDADE DA REFERENCIAÇÃO DE DIABÉTICOS PARA CONSULTAS ESPECIALIZADAS NUM HOSPITAL DISTRITAL
Doenças endócrinas, metabólicas e nutricionais - Comunicação
Congresso ID: CO175 - Resumo ID: 667
Centro Hospitalar Póvoa de Varzim/Vila do Conde
Luciana Faria, Catarina Patronillo, Florisa González, Ângela Coelho, Teresa Pinto
A maioria das recomendações atuais sobre diabetes mellitus, definem que as intervenções precoces e intensivas nos níveis de glicose são essenciais para atingir os alvos glicémicos e prevenir complicações. No entanto, a maioria delas não inclui recomendações específicas de referenciação a consultas de especialidade.
A Federação Internacional de Diabetes emitiu, em 2017, um documento com algumas sugestões para a referenciação, nomeadamente mau controlo metabólico, múltiplas comorbilidades e necessidade de tratamento complexo e/ou redefinição do alvo terapêutico.
Pretendeu-se assim, caracterizar, de forma descritiva, os doentes enviados pela primeira vez à Consulta Externa de Medicina – Diabetes durante o ano de 2017 e, após 1 ano de seguimento.
Dos 58 doentes avaliados na primeira consulta, com idade média de 62,3 anos, 94,8% tinham diabetes tipo 2, o tempo médio de evolução da doença era de 13,7 anos e a hemoglobina A1c média era de 9,8%. A lesão órgão alvo estava já descrita em 41,3% e mais de metade correspondia a complicações microvasculares. A taxa de insulinização inicial era de 63,8% e, metade dos não insulino-tratados apresentavam 3 ou mais classes de antidiabéticos orais.
Após um ano de seguimento hospitalar, verificou-se que em média cada doente teve 4 consultas médicas, e cerca metade apresentavam vigilância simultânea nas consultas de Enfermagem e Nutrição. Houve em média (+/-desvio padrão) uma diminuição do índice de massa corporal -0,43 Kg/m2 (+/- 2,2) e do valor da hemoglobina A1c -1,87 % (+/-1,77) e, 27,9% dos doentes apresentavam hemoglobina A1c<7%. Face às intervenções farmacológicas verifica-se que a taxa de insulinização, nos diabéticos tipo 2, aumentou para 72,7% e, quanto às classes de antidiabéticos orais, 32,1% iniciaram inibidores do SGLT2, 17,9% inibidores da DPP-4, 8,9% metformina e 3,6% análogos de GLP1. Por fim verificou-se que 17,2% dos doentes tiveram alta durante o período indicado, a maioria por atingimento e estabilização do alvo terapêutico definido.
Avaliando os resultados obtidos verificamos que apesar dos doentes serem enviados geralmente antes dos 65 anos, já apresentam muitos anos de evolução da doença e LOA estabelecida, limitando as intervenções que se pretendem intensivas e precoces.
Esta realidade deve fazer-nos pensar em definir critérios de referenciação mais precisos, que nos permitam uma orientação mais precoce dos doentes, para que seja possível atrasar a progressão da doença e suas complicações, melhorando a qualidade de vida.