Introdução: A fitofotodermatose é uma reacção inflamatória cutânea resultante do contacto com plantas produtoras de substâncias fototóxicas, seguido da exposição solar. As plantas mais frequentemente associadas são as da família das Rutaceae (lima, limão e laranja), Aplaceae (aipo) e Moraceae (figo). Geralmente é uma entidade benigna e auto-limitada, não deixando sequelas.
Caso clínico: Um homem de 63 anos, com antecedentes de hipertensão, dislipidemia e esteato-hepatite alcoólica recorreu ao serviço de urgência pelo aparecimento de lesões que se assemelhavam a queimaduras nos membros superiores e inferiores dois dias após ter estado a cortar uma figueira. Na primeira avaliação não apresentava critérios de gravidade tendo alta para o domicílio com cuidados de penso. Todavia, três dias depois apresentou progressão das lesões sendo reencaminhado ao hospital. Negava febre ou queixas álgicas. Analiticamente tinha leucocitose, neutrofilia e elevação da proteína C reactiva, sendo internado sob antibioterapia (flucloxacilina), corticoterapia e anti-histamínico. Na avaliação inicial identificavam-se lesões eritemato-edematosas, hiperpigmentadas e algumas das quais bolhosas localizadas nos membros superiores, pernas e joelhos. Realizou zaragatoa cutânea com identificação de um Staphylococcus aureus meticilina sensível. Teve alta com indicação para terminar antibioterapia no domicílio e foi reavaliado em consulta de dermatologia obtendo resolução completa das lesões cutâneas.
Discussão: O diagnóstico da fitofotodermatose é exclusivamente clínico, exigindo uma história clínica com referência a uma exposição cutânea conhecida. Geralmente são desnecessários exames adicionais. Estas lesões têm maioritariamente resolução espontânea, estando a antibioterapia indicada apenas nas situações de sobre-infecção. Particulariza-se este caso pela exuberância das suas manifestações cutâneas, nas zonas fotoexpostas, e necessidade de antibioterapia.