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SÍNDROME DA URINA ROXA – SINAL DE ALARME DE INFEÇÃO DO TRATO URINÁRIO
Doenças infeciosas e parasitárias - Imagens em Medicina
Congresso ID: IMG007 - Resumo ID: 67
Unidade Local de Saúde do Alto Minho
Joana Couto, Pedro Pinto, José Carvalho, Luís Pontes dos Santos, Raquel López, Diana Guerra
Mulher, 81 anos, totalmente dependente por síndrome demencial avançado. Antecedentes de diabetes mellitus tipo 2, doença cerebrovascular e bexiga neurogénica (cronicamente algaliada).
Trazida ao Serviço de Urgência por quadro com 4 dias de evolução de prostração, diminuição da diurese e obstipação. À admissão, prostrada, com hipotermia (Tªaur: 31.5ºC) e hipotensão. Verificada presença de urina de cor roxa no saco coletor (Figuras A,B e C). Analiticamente, contatado elevação dos parâmetros inflamatórios, anemia, lesão renal aguda, hipercaliémia grave e acidemia metabólica. O sedimento urinário revelou pH alcalino (9.0), proteinúria 400 mg/dL, nitritos e esterase leucocitária positivos e presença de numerosas bactérias (densidade). Realizou ecografia reno-vesical sem uropatia obstrutiva ou complicações. Concluído sépsis de ponto de partida urinário com disfunção multiorgânica grave. Iniciou antibioterapia empírica (ceftriaxone 2 gr ev). O estudo microbiológico não permitiu isolamento de agente, tendo a urocultura flora plurimicrobiana e hemoculturas negativas.
O Síndrome da urina roxa (SUR) é um fenómeno raro em que a cor da urina se torna roxa, tem uma maior incidência em mulheres idosas, doentes cronicamente algaliados (sobretudo se cateter de plástico), institucionalizados, com obstipação crónica e quando urina alcalina. Deve ser interpretado em contexto de provável infeção urinária. O mecanismo de alteração da cor urinária ainda não se encontra completamente esclarecido, sendo atribuída a bactérias gram negativas (Providencia spp., Escherichia coli, Proteus spp., Pseudomonas spp., Klebsiella pneumoniae, Morganella sp. e enterococos) produtoras da enzima indoxil fosfatase que converte o sulfato de indoxilo, naturalmente presente na urina, em compostos de coloração vermelha e azul (indirrubina e indigo).
Apresenta-se este caso pela importância da valorização do SUR, como sinal de infeção do trato urinário.